Em entrevista à Rádio Jornal, nesta segunda-feira (23), o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que, mesmo após ter conversado com o ex-presidente Lula (PT), em setembro de 2020, após cerca de dois anos de rompimento, não superou o desentendimento que tem com o petista. Quando o encontro chegou ao conhecimento público, analistas políticos observavam o gesto como provável início de uma reaproximação entre os partidos de esquerda de olho na disputa presidencial de 2022.
"Nós [Lula e Ciro] conversamos, depois de quase dois anos de desentendimento profundo. Não superamos o desentendimento, mas restauramos o diálogo. Ele me convidou para conversar, e eu acho que política a gente faz conversando e dialogando, mesmo que eu tenha entrado com as mesmas ideias e saído com as mesmas convicções, e ele, certamente, entrou com as mesmas convicções que saiu", afirmou Gomes, no Passando a Limpo, da Rádio Jornal. "Mas resolvemos tratar nossas diferenças de forma franca, aberta e sincera, pensando na questão do Brasil", emendou.
O ex-ministro ressaltou que não tem divergências pessoais com seu ex-chefe. Segundo ele, os desentendimentos se dão apenas no campo política. Ciro disse ainda que Lula é tem culpa por Bolsonaro ter chegado ao poder. Isso porque, na avaliação do pedetista, o petista foi imprudente ao indicar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para lhe substituir na Presidência.
"A minha desavença com Lula não é pessoal. Eu acho apenas que Lula, com a imprudência dele, quando impôs Dilma para continuar mandando, e Dilma, sem nenhuma experiência, se agarra com a economia mais atrasada e a corrupção generalizada, isso daí criou as condições no Brasil do povo, por desespero, raiva ou frustração, que eu compreendo com a minha alma, votar neste absurdo, que se revela ser Bolsonaro", declarou Ciro.
O pedetista também descartou a possibilidade de ter Lula como seu vice nas próximas eleições para a Presidência da República. A composição eleitoral foi sugerida pelo consultor político e ex-marqueteiro das campanhas do PT, João Santana , que disse na TV Cultura que "Lula como vice de Ciro seria uma chapa imbatível".
"Isso não exista (Lula ser meu vice). Lula é grande demais, ele deveria, se tivesse um pouquinho de grandeza, até em respeito a si próprio, guardar o lugar justo que ele tem na história. Um presidente que fez muita coisa pelo povo naquele momento, mas que errou profundamente na política, a ponto de ser ele a maior vítima", disse Ciro.
Gomes também falou sobre seus apoios nas eleições 2020, mas não comentou sobre a disputa entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) no Recife, denominada por Ciro de "capital política do Nordeste".
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