Pouco mais de um mês após anunciar sua saída do PTB, o ex-senador Armando Monteiro ainda não definiu o seu futuro partidário. Em entrevista ao JC na tarde desta sexta-feira (25), contudo, o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de Dilma Rousseff (PT) foi enfático ao afirmar que apenas se vinculará a uma sigla se ela estiver na oposição em Pernambuco e, no âmbito nacional, não for alinhada ao bolsonarismo.
“Eu não tenho nenhuma resolução ainda com relação ao meu destino partidário. Recebi vários convites, o que de alguma maneira me honra, mas ainda vou maturar essa decisão, tenho que ouvir as pessoas que sempre nos acompanharam, que estiveram ou estão no PTB. Não vou resolver isso de maneira açodada”, declarou.
Armando informou seu desembarque do PTB no fim de novembro, depois que o presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, substituiu o presidente estadual da agremiação, José Humberto Cavalcanti, ligado ao ex-senador, pelo Coronel Meira. À época, Jefferson afirmou que decidiu mudar o comando do partido porque Armando declarou apoio à candidatura de Marília Arraes (PT) no Recife no segundo turno. Segundo ele, em setembro a Executiva Nacional da sigla havia proibido alianças com partidos de esquerda nas eleições deste ano.
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Sem informar maiores planos para o pleito de 2022, Armando disse ter boa relação com as siglas de oposição em Pernambuco e que tem conversado com vários dirigentes dessas legendas para escolher para qual delas irá migrar. “Minha decisão vai ser tomada a partir de algumas condicionantes. Primeiro, o partido que eu irei ingressar tem que ser da oposição em Pernambuco. Segundo, eu não terei alinhamento com um partido bolsonarista, pois isso não é uma coisa que me motive ou anime”, declarou o ex-senador. “Eu tenho muito boa relação com os companheiros do PSDB e do DEM, inclusive estivemos juntos no mesmo palanque em 2018 e apoiamos Mendonça (Filho, DEM) este ano na eleição do Recife. Mas também nos damos bem com outros partidos, como o Podemos e o Cidadania, por exemplo”, completou.
Presidente municipal do PSDB no Recife, Ricardo Chaves não confirmou nenhum tipo de negociação para a entrada de Armando na legenda, mas fez uma série de elogios ao ex-ministro, afirmando, inclusive, que qualquer partido ficaria honrado de tê-lo entre os seus quadros. “Nós, do PSDB, temos uma admiração muito grande pelo ex-senador Armando Monteiro, ele tem uma vida pública admirável, já foi ministro, senador, deputado, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), é uma pessoa de alto nível e muito aberta ao diálogo. A decisão sobre seu novo partido, porém, envolve muita conversa, muita discussão”, pontuou Chaves.
"Armando Monteiro Neto é um homem público de vida limpa e que muito já fez pelo Brasil e por Pernambuco. Sua filiação honraria muito o PSDB", disse a presidente estadual da sigla, Alessandra Vieira, através de nota.
Daniel Coelho, presidente estadual do Cidadania, disse que o seu partido “está de portas abertas” para receber Armando, caso essa seja a sua vontade. “Armando é um quadro de grande prestígio nacional. Seria uma honra tê-lo conosco. O Cidadania está de portas abertas para ele, para abrigá-lo e apoiá-lo no projeto que ele desejar”, cravou.
"Eu tenho uma verdadeira relação de amizade com Armando, um homem sério, com uma representatividade grande e que tem uma trajetória de muito trabalho em defesa dos interesses de Pernambuco. A decisão sobre a filiação é pessoal, mas o DEM sempre estará aberto para um diálogo aberto e franco com ele", assegurou Mendonça Filho, presidente estadual do DEM.
Devido à sua trajetória política, Armando Monteiro era o nome de maior destaque do PTB em Pernambuco, sigla a que estava filiado desde 2003. No Estado, o partido possui atualmente dois deputados estaduais e elegeu seis prefeitos nas eleições deste ano.