Pré-candidato ao governo de Pernambuco, Miguel Coelho assume cargo que era de Geraldo Julio na FNP
Geraldo e os Coelho têm uma relação de pelo menos 20 anos. Se Miguel conseguir viabilizar a sua candidatura, enfrentará um antigo aliado nas urnas
Pré-candidato ao governo do Estado, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), foi eleito nesta quinta-feira (15) secretário-geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que representa os gestores de cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes. Curiosamente, Miguel está assumindo o cargo que até então era ocupado por aquele que pode ser o seu maior adversário na disputa de 2022: Geraldo Julio (PSB), ex-prefeito do Recife.
O novo presidente da frente é o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira. À frente da secretaria-geral do órgão, Miguel será o responsável por planejar a agenda da FNP e coordenar as ações das vice-presidências temáticas, como as de educação e relações institucionais, por exemplo. De Pernambuco, também foram escolhidos para integrar a diretoria da entidade o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que ocupará a vice-presidência de mudanças climáticas; e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), que será a vice-presidente nacional do g-100, grupo que reúne municípios populosos com baixa renda per capita e alta vulnerabilidade socioeconômica. Raquel também é cotada para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas no próximo ano.
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"Ser prefeito de Petrolina sempre foi o meu maior sonho, e entre as tantas realizações que este trabalho já me proporcionou, hoje tive uma que eu nem imaginei ter: até 2023, estarei como secretário-geral da Frente Nacional de Prefeitos. É uma grande responsabilidade, mas que encaro com um entusiasmo ainda maior. Poder servir ao meu país, poder contribuir com o meu estado, poder fortalecer a minha cidade. Junto a tantas outras lideranças, chego para somar, para trabalhar, para planejar a agenda que importa ao Brasil e coordenar as ações das vice-presidências temáticas, mas principalmente, chego como um nordestino, filho do Sertão do São Francisco, disposto a fazer meu melhor para o nosso povo. Bora trabalhar!", declarou Miguel, no Instagram.
Nos bastidores, socialistas pernambucanos dão como certo que Geraldo será o indicado da sigla para representar o partido na disputa pela sucessão de Paulo Câmara (PSB). Miguel, por sua vez, ainda tenta viabilizar a sua postulação, uma vez que não é a única opção do grupo de centro-direita do qual faz parte, e o seu partido, o MDB, ainda integra oficialmente a base governista.
Mas a relação entre Geraldo e os Coelho não se restringe apenas a uma disputa eleitoral. Caso o prefeito sertanejo confirme a sua participação na eleição, vai enfrentar um antigo aliado da sua família nas urnas. No início da década de 2000, quando o pai de Miguel, o hoje senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), estava em seu terceiro mandato como prefeito de Petrolina, Geraldo foi secretário de Controle Interno e de Planejamento e Fazenda do Executivo municipal.
Nos anos seguintes, FBC e Geraldo ocuparam cargos de destaque no governo Eduardo Campos. Quando o político petrolinense foi convidado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) para assumir o Ministério da Integração Nacional, veio dele a indicação para que o aliado ficasse em seu lugar da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, àquela altura um dos postos mais importantes da gestão estadual.
Quando FBC deixou o PSB, em um momento pós-impeachment em que o senador se recusou a fazer oposição ao presidente Michel Temer (MDB), naturalmente Geraldo e os Coelho se afastaram. Em 2019, porém, durante entrevista à Rádio Jornal, o socialista disse ter “uma relação” com Fernando Bezerra, apesar de estarem “em campos adversários” na política.
No MDB desde 2018, o grupo de FBC tenta levar o partido para a oposição no Estado, mas a ala do senador Jarbas Vasconcelos e de Raul Henry, presidente estadual da sigla, tem resistido a esta mudança. Na última semana, Miguel esteve no Recife para uma reunião com Raul, momento em que comunicou ter a intenção de se lançar candidato em 2022. O dirigente partidário não descartou a possibilidade, mas disse ser cedo ainda para estas articulações.