O presidente Jair Bolsonaro chegou sem máscara à inauguração de um trecho da duplicação da BR-101, em Feira de Santana, na manhã desta segunda-feira (26). Ele cumprimentou apoiadores e, em seguida, se dirigiu ao palco, onde colocou a máscara de proteção. O uso da máscara em ambientes públicos é obrigatório na Bahia por decreto estadual.
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O avião presidencial chegou ao aeroporto de Salvador por volta das 10h. A comissão seguiu de helicóptero até Conceição do Jacuípe e depois foi de carro para Feira. Nesse último trajeto, Bolsonaro ficou com o porta aberta e o corpo para fora do carro, o que é uma infração grave de trânsito, prevista no artigo 235 do Código Brasileiro de Trânsito.
Bolsonaro pediu que os apoiadores que estavam no evento se aproximassem do palco. Neste momento, as pessoas, que usavam camisas verde e amarelo, se aglomeraram na grade de proteção. Muitos gritaram "mito, mito, mito".
"Pedi pra liberar o povo para vir, porque um evento desse sem povo não existe. Vejo uma placa ali que o povo está comigo... É o contrário. Eu quem estou com o povo! Vocês dão o norte sempre", afirmou o presidente, ao subir no palco. "Satisfação estar na Bahia, onde nasceu o Brasil".
Bolsonaro criticou medidas de fechamento de comércio tomadas em vários estados, inclusive na Bahia, para evitar a disseminação do covid-19. "Tá chegando a hora do Brasil dar um novo grito de independência. Não podermos admitir alguns pseudo governadores quererem impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los. Nós tratamos a questão do vírus com muita responsabilidade, mas sempre disse que além do vírus tínhamos que nos preocupar com o desemprego. Não foi o governo federal que obrigou vocês a ficar em casa, que fechou o comércio, que destruiu milhões de empregos. Podem ter certeza: esse suplício está chegando ao fim. Brevemente voltaremos à normalidade", disse ele.
Na semana passada, após seguidas declarações de que "seu Exército" não iria às ruas contra o povo, o chefe do Executivo disse que as Forças Armadas podem "acabar com essa covardia de toque de recolher". As tropas, de acordo com ele, fariam valer o artigo 5º da Constituição para garantir o direito de ir e vir das pessoas.
Durante a visita, o presidente atacou uma repórter do SBT, que o questionou sobre a foto em que ele aparece com uma placa escrito "CPF cancelado" (expressão popularizada para falar sobre mortes de suspeitos de crimes). "Você não tem o que perguntar não? Você é idiota?", respondeu o presidente à jornalista
Bolsonaro estava acompanhado do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, pasta responsável pela obra, e do ministro da Cidadania, João Roma. A inauguração é de um trecho de 22 km, ligando Feira a Esplanada. As obras de duplicação do trecho de Feira a Sergipe, que tem 165 km, foram iniciadas ainda em 2014, na época do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Sindicato repudia
Bolsonaro não quis responder a um questionamento feito por uma jornalista da TV Aratu. "O senhor foi criticado sobre uma foto postada dizendo 'CPF cancelado' num momento que tantas pessoas morreram. O que senhor tem a dizer sobre isso?", questiona Driele Veiga. "Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota", rebate Bolsonaro. "O presidente agredindo a repórter verbalmente", diz a jornalista para o apresentador Casemiro Neto. "Acabou de me chamar inclusive de idiota por conta de uma pergunta a respeito de uma foto publicada por ele, que ele recebeu muitas críticas por conta do momento que a gente vive com mais de 300 mil pessoas mortas (por covid)".
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) lamentou o comportamento do presidente, repudiando o fato dele chamar a repórter de idiota "somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público". Presidente da entidade, Moacy Neves afirmou que o xingamento revela uma faceta imatura e autoritária de Bolsonaro, que teria dificuldade em convier com a crítica e o contraditório.
“É comum que pessoas imaturas e políticos autoritários ajam com grosseria, falta de educação e violência quando confrontados com seus erros e irresponsabilidades, aumentando o grau de irracionalidade quando se tratar de um homem e do outro lado estiverem as mulheres”, diz ele. “A maior autoridade do país não pode incentivar desrespeito aos direitos humanos e nem agir com grosseria com a imprensa, que é os olhos e a forma de comunicação entre os poderes e a sociedade”, acrescenta.