Líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou, no Twitter, que entrará com uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal (MPF) para que investiguem o possível orçamento paralelo do governo Jair Bolsonaro de R$ 3 bilhões em emendas, a maior parte para compra de tratores.
"Diante das gravíssimas denúncias de que o governo Bolsonaro teria criado um orçamento paralelo para montar uma base aliada no Congresso via toma lá da cá, vamos representar ao TCU e MPF para que investiguem o "Bolsolão", escreveu Molon nesta segunda-feira (10).
>> Escândalo do "Tratoraço" revela divisão do poder dos Coelhos na Codevasf
As informações sobre o orçamento foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a reportagem, o governo federal montou um orçamento secreto de R$ 3 bilhões em emendas para garantir o apoio da base aliada no Congresso. Do montante, ao menos R$ 271 milhões teriam sido destinados para compra de tratores, retroescavadeiras e equipamentos agrícolas.
No caso de 115 tratores ao preço de R$ 15 milhões, o jornal identificou que apenas 12 deles seriam comprados dentro dos valores de referência do próprio governo. O Ministério do Desenvolvimento Regional chegou a reconhecer, em um documento, que foram os parlamentares, e não a pasta, que definiu a aplicação de R$ 3 bilhões em verbas, segundo a reportagem.
Os ofícios que continham as indicações de gastos de deputados e senadores, entre os quais está o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a ministra Flávia Arruda (PL-DF) e o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). De acordo com a assessoria de Molon, as ações estão sendo preparadas.
No Twitter, Rogério Marinho, que comanda o Desenvolvimento Regional, informou que os recursos das emendas são de indicação do parlamento, tiveram início em 2019 e eram de conhecimento público. "São falsas as informações do Estadão que acusa o governo de ter criado um orçamento secreto. Basta analisar que parlamentares da oposição (PT, PCdoB e PDT) tiveram indicações contempladas", escreveu o ministro.