DECLARAÇÃO

Guedes: política cria mentiras, às vezes um presidente é santo e outro é genocida

Afirmação foi feita em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que analisa a admissibilidade da PEC 32, da reforma administrativa

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Estadão Conteúdo

Publicado em 11/05/2021 às 15:23
Ministro da Economia, Paulo Guedes - EDU ANDRADE/ME
O ministro da Economia, Paulo Guedes, mais uma vez pediu "respeito e tolerância" aos parlamentares da oposição, ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. "A política cria mentiras. Às vezes um presidente é um santo, logo depois é um corrupto ladrão. Depois o outro é genocida. A política cria caricaturas, deforma, e não podemos fazer isso", afirmou, em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que analisa a admissibilidade da PEC 32, da reforma administrativa.
 
Ao debater a reforma do funcionalismo público, Guedes pediu novamente desculpas por ter comparado os servidores a "parasitas", argumentando que não se referia aos funcionários públicos, mas aos órgãos de Estado que consomem cada vez mais recursos da União.
"O órgão vira parasita, e nunca os indivíduos. Pedi desculpa por uma imagem que não dizia respeito aos funcionários, mas ao excesso de gastos", completou o ministro.
 
Guedes se exaltou ao explicar novamente que não disse que colocaria uma granada no bolso do servidor. Ao falar da suspensão de reajustes do funcionalismo na pandemia, o ministro disse que tinha colocado a "granada no bolso do inimigo".
 
Mais uma vez, ele alegou que esse inimigo seriam os governos regionais que queriam usar recursos da saúde para dar aumentos de salário. "É ridículo, é desonesto intelectualmente, é política baixa, fake news", respondeu.
 

Pressão por frases polêmicas

 
Assim como na semana passada, Guedes mais uma vez foi alvo de ataques de diversos parlamentares de oposição - sobretudo do PT -, que questionaram previsões erradas do ministro sobre a economia e falas polêmicas sobre "empregadas domésticas na Disney" e "filhos de porteiros na universidade".
 
"Que preconceito é esse com nosso povo. Se esse governo tivesse vergonha na cara e se esse Parlamento não tivesse suas amarras com esse governo, exigiria que Paulo Guedes fosse botado para fora. Ele exala um sentimento de preconceito", atacou o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP). "Se esse governo tivesse respeito, o senhor estaria fora. Dinheiro para conchavos políticos tem, mas para investimento não tem", completou.
 
Deputados de oposição também reclamaram que Guedes, em participação virtual pelo telão, não estaria prestando atenção às falas dos parlamentares. "Ninguém aqui é babá do ministro", rebateu a presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF).
 

Supersalários

 
O ministro da Economia argumentou também que o governo é obrigado a cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou servidores públicos a receberem mais que o teto constitucional. "A lei a gente obedece. Quando o STF decide, eu sou obrigado a cumprir. Está no Congresso o projeto (para acabar com supersalários), os senhores que têm que votar. A reclamação não é comigo", afirmou, na audiência pública na CCJ.
 

Orçamento secreto

 
Guedes ainda disse que "grandes negócios nas estatais e escândalos" eram uma especialidade de governos anteriores. "Negócios e escândalos em estatais não é especialidade deste governo, é de outros. Parece que isso não nos atingiu ainda, vamos ver", afirmou.
 
O ministro foi confrontado por parlamentares da oposição sobre o "orçamento secreto" revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. No ano passado, segundo a reportagem, o governo destinou R$ 3 bilhões em emendas para parlamentares do Centrão que, ao contrário do permite a lei, puderam escolher onde os recursos de emendas de relator (RP9) seriam aplicados, inclusive na compra de tratores superfaturados. O caso foi apelidado de "tratoraço" nas redes sociais.
 
"Isso é crime de responsabilidade, é prevaricação, desvio de finalidade e improbidade administrativa. Quero saber por que vossa excelência não vetou esse arranjo de corrupção, que é a compra de votos que está sendo feita aí", questionou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
 
"Não adianta oferecer trator, cargos, regalias. Não vamos permitir que uma PEC inconstitucional (da reforma administrativa) avance", acrescentou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
 
"O senhor vem falar que servidor público tem 20 carros, eu desconheço. Mas conheço presidente que come picanha de R$ 1.799 o quilo, conheço presidente que tira férias de R$ 2 milhões, e conheço um orçamento que o senhor aprovou de R$ 3 bilhões para comprar parlamentar com trator superfaturado", comparou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).

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