Cortejo

'Será muito bem recebido pelo Psol', diz Guilherme Boulos sobre possibilidade de Túlio Gadêlha sair do PDT

Deputado federal Túlio Gadêlha tem sido procurado pelo Psol, PT, Rede e PV, diante da possibilidade dele sair do PDT

Imagem do autor
Cadastrado por

Luisa Farias

Publicado em 04/06/2021 às 12:11 | Atualizado em 04/06/2021 às 13:46
Notícia
X

Atualizada às 13h46

Ganhou repercussão no último dia 27 de maio a foto de um encontro do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT), o presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros e a vereadora do Recife Dani Portela (Psol). 

O tema da conversa foi "a luta contra Bolsonaro e a construção de caminhos para o futuro", segundo Boulos, mas também sinaliza uma aproximação de Túlio Gadêlha com lideranças do Psol, em meio a um cenário de insatisfação do deputado dentro do PDT que vem desde a eleição do Recife em 2020. 

Em passagem por Recife nesta sexta-feira (4), Guilherme Boulos afirmou ao JC que respeita o tempo de Túlio para tomar a decisão sobre uma eventual saída do PDT - ele vem sendo cortejado por outros partidos, como a Rede Sustentabilidade, PV e até mesmo o PT - mas que o Psol está de portas abertas para recebê-lo caso escolha a sigla. 

"Nós tivemos essa conversa com Túlio. Eu tenho grande respeito pela trajetória política do Túlio. É alguém que representa um processo de renovação no campo progressista no Brasil. Túlio está definindo os seus caminhos políticos, tem o tempo dele, até porque não é uma decisão que ele faz sozinho, é com seu grupo político para definir. Mas o que eu tenho a dizer é que Túlio seria, se tomar essa decisão, muito bem recebido pelo Psol", afirmou Boulos.

Em 2020, Túlio Gadêlha chegou a lançar a sua pré-candidatura à Prefeitura do Recife, mas acabou sendo rifado pelo PDT para que a sigla firmasse uma aliança com o PSB do então candidato João Campos (PSB), eleito prefeito. 

Ele indicou para a vaga de vice o seu aliado Rodrigo Patriota, mas o novo foi vetado pela cúpula do partido - comandada pelo deputado federal Wolney Queiroz - pela sua postura crítica ao PSB. A ex-vereadora do Recife Isabella de Roldão foi indicada e eleita vice-prefeita. Em novembro de 2020, o diretório municipal do PDT, presidido por Túlio, foi destituído a pedido do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. 

Segundo o Blog de Jamildo, lideranças do PDT tem se preocupado com a possibilidade de Túlio deixar o partido, devido a sua expressiva votação nas eleições de 2018. Em 2018, o PDT elegeu Túlio, com75.642 votos e Wolney Queiroz, com 82.592 votos. Eles integravam a coligação formada pelo Avante e pelo Pros.

As eleições de 2022 serão as primeiras em que as coligações não serão permitidas na disputa pelo cargo de deputado federal e estadual, o que leva os partidos a buscarem fortalecer ainda mais as suas candidaturas para manter espaço nas bancadas. 

>> Blog de Jamildo: ‘Acho um erro os ataques de Ciro a Lula’, diz Túlio Gadêlha. Partidos procuram deputado por filiação, se ele deixar o PDT

Mais recentemente, Túlio tem sido crítico a postura do presidenciável Ciro Gomes (PDT) de embate com ex-presidente Lula (PT). "Eles brigam por uma vaga para enfrentar Bolsonaro no segundo turno, mas quanto mais se afastam, menor é a chance do eleitor de Lula votar em Ciro no segundo turno, e do eleitor Ciro votar em Lula, abrindo espaço para a reeleição do presidente”, afirmou Gadêlha ao JC no início de maio. 

Eleições 2022

Boulos já colocou o seu nome à disposição para disputar o Governo de São Paulo nas eleições de 2022. O nome dele já chegou a ser especulado para concorrer à Presidência da República, mas depois que o ex-presidente Lula foi considerado elegível, ganhou mais força a possibilidade de PT e Psol caminharem juntos no pleito. 

O psolista chegou a ir ao segundo turno contra Bruno Covas mas acabou derrotado nas urnas. Covas faleceu em 16 de maio e vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB) assumiu o cargo permanentemente. 

Forte opositor do PSDB, Boulos agora quer disputar o estado governado por João Dória, uma das principais lideranças do partido. "O estado de São Paulo é o mais rico do Brasil e está entre os mais desiguais do Brasil. Um estado que não tem políticas sociais, um estado com uma condução elitista, um estado que está paralisado hoje. Eu acredito que há uma oportunidade para uma virada no Estado de São Paulo, uma mudança de rumo no estado de São Paulo, uma vitória do campo progressista", projetou Boulos. 

A corrente do Psol que Boulos defende uma unidade das esquerdas em 2022. Mas outra ala da sigla lançou no início de maio a candidatura do deputado federal Glauber Braga (Psol/RJ) à presidência, o que acabou expondo um racha no partido. 

O Psol realiza em setembro o seu Congresso Nacional, para definir as diretrizes que irá tomar nas próximas eleições. "Eu tenho maior respeito pelo Glauber, é um dos parlamentares mais combativos do Brasil, tem o direito de fazer o debate político, tem o direito de se colocar como presidenciável para o partido, mas essa definição vai ser tomada pela maioria do partido no Congresso Nacional. Eu tenho defendido que o Psol participe de uma unidade no campo progressista, mas que também se posicione discutindo programa, uma unidade que ofereça saída para os direitos que o povo brasileiro vem enfrentando hoje", justificou Boulos. 

Cozinha Solidária

Boulos veio à capital pernambucana para participar da inauguração da Cozinha Solidária do Brasil - Vila Santa Luzia, no bairro da Torre, Zona Oeste do Recife, organizada pelo MTST. Trata-se da 10º Cozinha Solidária aberta no País e a primeira no estado de Pernambuco. São cerca de 320 refeições (almoço e jantar) distribuídas para a comunidade de Santa Luzia diariamente. 

"Com muita satisfação que eu faço parte também nesse projeto que é baseado na solidariedade, não tem um real do dinheiro público. É o movimento social fazendo o que o governo não faz", disse Boulos. 

Psol relatou o cenário econômico do País e fez críticas a suspensão do auxílio emergencial R$ 600 pelo governo Bolsonaro e, posteriormente, o relançamento do programa com um valor inferior. 

"O Brasil está chegando a 19 milhões de pessoas com fome. O cenário é muito crítico, se agravou com a pandemia e o governo justamente nesse momento em que as pessoas mais precisam cortou o auxílio emergencial de R$ 600, reduziu a R$ 150. R$ 150 é o cafezinho do Paulo Guedes, não dá para uma família botar comida na mesa", disse. 

Boulos também participa do ato simbólico "Quem deu a Ordem?" na manhã desta sexta (4), em frente ao Palácio da Justiça, no bairro de Santo Antônio, para cobrar respostas ao Governo de Pernambuco sobre a ação violenta da Polícia Militar contra manifestantes que participavam do ato contra Bolsonaro no último sábado (29) no Centro do Recife. 

Tags

Autor