A convidada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, desta terça-feira (1°), Nise Yamaguchi é uma entusiasta do chamado tratamento precoce contra o coronavírus, com o uso de remédios comprovadamente sem eficácia contra a doença. Ela é suspeita de integrar um “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com outros nomes que defenderam o uso desses medicamentos.
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Yamaguchi tem 62 anos de idade, e desde o agravamento da pandemia no País vem dando declarações em defesa de medicamentos como a cloroquina e sua derivada, a hidroxicloroquina, mesmo com estudos comprovando a ineficácia dessas e de outras substâncias que compõem o chamado “kit Covid”. Os medicamentos são capazes de provocar efeitos colaterais adversos em alguns casos.
Com formação em Medicina pela Universidade de São Paulo, no ano de 1982, Yamaguchi realizou residência em Imunologia pelo Hospital das Clínicas. Em seu currículo, é apontada ainda um doutorado em pneumologia pela mesma instituição. A médica, que também atua na área de oncologia clínica, discorda dos estudos que demonstram ineficácia da cloroquina e afirma que já tratou pacientes desse modo, insistindo na defesa de uma opinião cada vez mais minoritária entre cientistas. Yamaguchi não tem especialização em infectologia.
Próxima ao presidente Bolsonaro, outro defensor da cloroquina e do tratamento precoce, ela chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde após a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, em abril do ano passado, mas não assumiu; dando lugar a Nelson Teich que passou cerca de um mês na pasta e renunciou para a entrada de Eduardo Pazuello.
Nise foi convidada por Bolsonaro, no ano passado, para integrar um gabinete de crise de combate à pandemia. Na ocasião, ela reuniu-se com ministros e o deputado federal Osmar Terra. À época, ela declarou que tinha a função de reunir produção científica sobre a cloroquina para liderar um processo de flexibilização da legislação sobre a substância. A intenção, segundo a médica, era permitir que médicos tivessem a liberdade de prescrição da droga.