A procuradora regional da República em São Paulo e integrante da extinta força-tarefa da Lava Jato, Janice Ascari, usou as redes sociais para ironizar a live feita na quinta-feira (29), pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em que o chefe do Executivo apresentou vídeos antigos e fake news como indícios de fraude no sistema eleitoral brasileiro. "Então as provas eram mesmo o zap das tias, como eu disse outro dia?", escreveu a procuradora no Twitter.
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As informações divulgadas por Bolsonaro foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão atacado pelo presidente durante a live. Ao longo da transmissão ao vivo pelas redes sociais, o chefe do Executivo admitiu não ter provas, mas, sim, "indícios" de irregularidades no sistema eleitoral brasileiro "Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Um crime se desvenda com vários indícios", afirmou. "E digo mais: não temos prova, (quero) deixar bem claro, mas indícios de que nas eleições para senadores, deputados, pode ocorrer a mesma coisa. Por que não?"
Com a repercussão da publicação, a procuradora continuou se divertindo com os memes publicados no Twitter enquanto respondia aos seus seguidores. "As provas estão nas fitas com áudios do comando militar, só que infelizmente ninguém consegue ouvir", disse um internauta que foi respondido por Janice em seguida. "Os sons eram produzidos com um dispositivo anti gravação, por isso não saíam nas fitas", zombou a ex-chefe da Lava Jato no Estado de São Paulo.
Quem também foi às redes para comentar a transmissão presidencial foi o procurador regional da República, Wellington Saraiva. "Fim da transmissão. Após duas horas e seis minutos: especulações, críticas ao Judiciário, ao PT, à esquerda, notícias falsas, autoelogios, suspeitas já descartadas e ZERO prova de fraude. O presidente admitiu que tem só indícios, mas nem isso ele tem. Perdi duas horas", publicou Saraiva no microblog.
O integrante do Ministério Público destacou os ataques feitos por Bolsonaro à Corte Eleitoral, ao presidente do órgão, o ministro Luís Roberto Barroso, e a países vizinhos. "Na transmissão do presidente em que prometeu provas de fraude no sistema eleitoral (o que seria gravíssimo se fosse verdade), até aqui, há muita preocupação em bater no TSE e em falar da Venezuela e zero das provas prometidas", escreveu o procurador.
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre as insinuações de fraude feitas pelo presidente da república durante a transmissão ao vivo, contudo, o órgão não respondeu aos questionamentos.