Oposição

Joaquim Francisco deixou um conselho para a oposição em sua última entrevista à Rádio Jornal

O ex-governador de Pernambuco faleceu aos 73 anos nesta terça-feira (3) vítima de um câncer no pâncreas

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Luisa Farias

Publicado em 03/08/2021 às 20:49
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Em sua última entrevista à Rádio Jornal antes de falecer nesta terça-feira (3), o ex-governador de Pernambuco Joaquim Francisco deixou um conselho para o grupo da oposição ao governador Paulo Câmara (PSB), do qual integrava, para as eleições de 2022. O político vinha pregando a unidade dos oposicionistas em torno de uma estratégia em comum para lançar uma candidatura competitiva. 

"A gente tem que nos próximos meses eleger uma pauta de prioridades para as nossas reuniões, os nossos entendimentos, para que a gente chegue em 2022, se não com uma linguagem única, pelo menos um rumo único para o conjunto da oposição", afirmou Joaquim no programa Além da Notícia, na Rádio Jornal Caruaru, no dia 8 de fevereiro deste ano. 

Surgem como pré-candidatos prefeitos pernambucanos como Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, no agreste de Pernambuco, Miguel Coelho (MDB), de Petrolina, no sertão, Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR).

Dos três, Miguel é o que enfrenta maior dificuldade para viabilizar a sua candidatura, uma vez que já recebeu a negativa da direção estadual do MDB, cujo presidente é o deputado federal Raul Henry (MDB).

Os Coelhos seguem buscando lançá-lo com o apoio de prefeitos de oposição do partido e a intercessão do presidente nacional Baleia Rossi (MDB). Já o prefeito de Olinda, Professor Lupércio (SD) anunciou que também nutre o desejo de disputar o Palácio do Campo das Princesas. 

Na entrevista, Joaquim Francisco destacou Raquel e Miguel, pelas administrações nos seus municípios e preparo, além do apoio do ex-governador João Lyra Neto (PSDB) e do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), respectivamente. 

"Eu acho que são nomes preparados. Raquel é preparada, inteligente, ativa, gosta da atividade política, tem espírito público, tem João Lyra que é o ex-governador com larga experiência. O Miguel Coelho teve a maior votação da prefeitura do Brasil, tem a gestão aprovada. Fernando Bezerra Coelho é um excelente líder do governo, ou seja, nós temos uma ampla margem em fazer um projeto conjunto para que a
gente chegue em 2022 unidos em torno de um projeto para conquistar o governo do estado, eu acho que isso é possível", disse o ex-governador à época. 

A estratégia de se unir em torno de uma única candidatura foi adotada pelo grupo das oposições nas eleições de 2018 com o então candidato Armando Monteiro Neto (PTB), mas Paulo Câmara saiu vitorioso nas urnas e foi reeleito, com 50,70% dos votos.

Ainda na entrevista, Joaquim Francisco considerou a habilidade que o grupo do PSB tem uma habilidade diferenciada para alavancar campanhas eleitorais, o que chamou de "PHD em matéria de eleição", que chegará a 16 anos no poder em Pernambuco no final do mandato de Paulo.

Para ter uma candidatura competitiva que possa disputar de igual para igual, na avaliação do ex-governador a oposição precisa de uma postura mais assertiva. "Vai ser uma parada dura e toda parada dura exige o quê? Planejamento, união, articulação e linguagem forte. Não é linguagem desaforada ou linguagem agressiva, é linguagem forte, dura, mostrando a realidade", disse Joaquim, que já foi governador e prefeito do Recife. 

O resultado da eleição do Recife em 2020, mesmo que João Campos (PSB) tenha sido eleito, trouxe na avaliação de Joaquim Francisco o indicativo de uma margem eleitoral a ser explorada pela oposição. João se elegeu com 56,27% dos votos no segundo turno contra Marília Arraes, que ficou com 43,73%.

"Pernambuco vive dias difíceis. A cidade do Recife vive dias difíceis. Eu sei porque fui prefeito duas vezes e tive excelente aprovação nos dois mandatos. No entanto, se você vai fazer uma análise debatendo com as pessoas você diz: Bom, eles ganharam uma eleição com 100 mil votos de diferença. Ora, então significa dizer que você tem que se articular melhor, tem que combater melhor, tem que se preparar melhor", projetou Joaquim. 

Nesta mesma eleição, Joaquim Francisco chegou a ensaiar uma candidatura a prefeito pelo PSDB, partido ao qual se filiou em 2016, mas seu nome acabou não sendo viabilizado. Decidiu deixar o PSDB em agosto daquele ano. 

"Eu não era candidato a vereador nem era candidato a prefeito. Mas eu não me animei. eu fui prefeito duas vezes, achei que não teria as condições necessárias para ser a terceira vez. Então eu disse: Olha, eu não sou candidato", disse Joaquim Francisco na entrevista. 

O ex-governador ponderava que na entrevista, em fevereiro de 2021, que ainda não era o momento para que todos se reunissem para já discutir as eleições do próximo ano. Poderiam, porém, começar a traçar um panorama geral da situação do estado, como o cumprimento das promessas do governo, a situação das estradas, da área da saúde e até o endividamento do estado. 

"São dados que criam uma resistência dialética dos seus partidários. Eu não quero estar ai, o que está ai não está funcionando, eu quero uma renovação, uma mudança e essa mudança tem nome, tem projeto e tem ação", finalizou o ex-governador. 

Falecimento

Joaquim Francisco faleceu nesta terça-feira (3) aos 73 anos. Ele se tratava de um câncer de pâncreas e estava internado no Real Hospital Português, no bairro da Ilha do Leite, área central do Recife, desde o último dia 14 de junho.

Joaquim fez história na política como prefeito do Recife, governador, ministro do Interior do governo do ex-presidente José Sarney e deputado federal. Na Câmara dos Deputados, foi relator da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O velório de Joaquim Francisco será no início da manhã desta quarta (4) no Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. O corpo será cremado também na quarta na Funerária, Cemitério e Crematório Morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR). A cerimônia será restrita para os seus familiares.

O governador Paulo Câmara (PSB) decretou luto oficial de sete dias em Pernambuco pelo seu falecimento. O prefeito do Recife João Campos (PSB) também decretou luto pelo mesmo período no município. 

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