O publicitário Duda Mendonça, 77 anos, morreu em São Paulo, nesta segunda-feira (16). Duda estava internado no Hospital Sírio-Libanês há dois meses, tratando um câncer no cérebro, que se agravou em decorrência da covid-19. A informação da morte foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
De acordo com a família, o corpo do publicitário será cremado. Ainda não há, porém, informações sobre o horário da cerimônia fúnebre.
Publicitário eclético
José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, o Duda, nasceu em 10 de agosto de 1944, em Salvador. Duda foi um dos marqueteiros políticos mais conhecidos. Ele fez a campanha vitoriosa de Lula em 2002. Em 1975, ele abriu a agência de publicidade DM9 em Salvador. Ele estreou no marketing político em 1985, quando trabalho na campanha de Mário Kertész para a prefeitura de Salvador.
Ele também participou de campanhas de Paulo Maluf (PP), em São Paulo; Miguel Arraes (PSB), em Pernambuco no ano de 1998; Ciro Gomes (PDT), no Ceará, e do ex-primeiro-ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes.
O publicitário também foi o responsável pela campanha de reeleição da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, em 2004, também pelo PT. Em outubro deste mesmo ano, ainda durante as eleições, o marqueteiro foi preso em flagrante em uma operação da Polícia Federal (PF), junto com outras 200 pessoas, em uma rinha de galos na zona oeste da capital paulista.
O publicitário também atuou nas campanhas dos irmãos Ciro e Cid Gomes no Ceará, respectivamente a deputado federal e a governador, em 2006, pelo PSB. Os dois se elegeram. Dois anos depois, em 2008, Duda também atuou no marketing político de outras campanhas do Nordeste. Ele coordenou e ajudou a eleger prefeitos em Fortaleza e João Pessoa.
Mensalão
Quando estourou o escândalo do mensalão, o publicitário foi acusado de receber por serviços ao PT por meio de uma offshore nas Bahamas. Em 2005, Mendonça confessou à CPI dos Correios ter recebido R$ 10,5 milhões pela campanha à eleição de Lula via caixa 2.
A defesa do publicitário argumentou que ele cometeu o crime de sonegação fiscal, não o de lavagem de dinheiro, e que pagou o que devia ao fisco - R$ 4,8 milhões. Além disso, afirmou que o marqueteiro não tinha conhecimento da origem ilícita dos valores recebidos do partido e nunca tentou ocultá-los.
O baiano chegou a virar réu no processo do mensalão, mas foi absolvido. Para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), prevaleceu a tese da defesa de Mendonça, não ficando demonstrado que ele tinha conhecimento da origem ilícita dos recursos e, consequentemente, não houve prova de sua intenção de ocultar os valores.