Informações divulgadas na manhã desta segunda-feira (23) pelo Estadão apontam que o Governo de São Paulo determinou o afastamento preliminar do chefe do Comando de policiamento do Interior-7 da Polícia Militar, coronel Aleksander Lacerda, que teria convocado "amigos" para a manifestação do dia 7 de setembro, em Brasília. A publicação diz que uma reunião do comando geral da PM do Estado foi convocada e pode resultar em outras punições ao militar, que deve comparecer ao encontro para apresentar a sua defesa.
A decisão foi anunciada depois que o Estadão revelou publicações do coronel em redes sociais. O militar comandava sete batalhões da PM paulista, uma tropa de 5 mil homens distribuída por 78 municípios da região de Sorocaba, sede do CPI-7. Nos posts, Lacerda diz que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), é "covarde", que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é uma "cepa indiana" e o deputado Rodrigo Maia, que foi nomeado há pouco secretário de Projetos e Ações Estratégicas do Estado, seria beneficiário de um esquema "mafioso".
>> Doria diz que Bolsonaro será multado em R$ 190 mil por aglomeração em São Paulo
>> Governadores se reúnem na segunda-feira e devem fazer defesa do STF, em contraponto a Bolsonaro
>> Doria classifica como 'desumanidade' fala de Bolsonaro sobre Bruno Covas
>> Bolsonaro insiste em pedido de impeachment de Barroso e Moraes
"A Polícia Militar do Estado de São Paulo informa que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado preliminarmente das suas funções à frente do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7). A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do País nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos", afirmou a nota assinada pelo coronel Fernando Alencar Medeiros, comandante-Geral da PM, publicada hoje pelo jornal. Como manifestações político-partidárias por parte de integrantes da corporação são proibidas, Lacerda foi afastado do cargo de chefia por indisciplina.
Em coletina à imprensa durante a manhã, Doria disse que no Estado de São Paulo "nós não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política".
As publicações de Lacerda surgem em meio à tensão que cresce no País às vésperas do ato de 7 de setembro. Além dessa ação em São Paulo, diz o Estadão, há militares bolsonaristas da reserva no Ceará em São Paulo convocando veteranos para a manifestação. Ao contrário dos integrantes da ativa, homens da reserva podem participar de protestos.
As declarações de Lacerda foram divulgadas na sua conta pessoal no Facebook, que atualmente está fechada para desconhecidos. Antes do jornal entrar em contato com a Secretaria de Segurança, tudo era público.
"Liberdade não se ganha, se toma. Dia 7/9 eu vou", afirmou o coronel em 16 de agosto. "Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete", declarou, no dia 20.
O militar agia principalmente compartilhando posts de blogueiros e parlamentares bolsonaristas. No total, o jornal levantou 397 publicações de teor político e partidário entre os dias 1º e 22 de agosto, 152 com campanhas bolsonaristas como a do voto impresso, através de posts de deputados como Carlos Jordy (PSL) e Filipe Barros (PSL), relator da PEC do Voto Impresso, que foi derrubada na Câmara.
Havia no perfil de Lacerda, também, 184 críticas e ofensas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aos seus ministros. Sinto nojo do STF", disse o militar, em 5 de agosto. Uma montagem de Alexandre de Moraes com o bigode do ditador Adolf Hitler também podia ser vista no perfil do policial.