Protestos

Caminhoneiros começam a deixar a Esplanada e governo do DF espera reabrir vias

A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que há um "avanço das tratativas" para a desocupação dos caminhoneiros

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Estadão Conteúdo

Publicado em 09/09/2021 às 23:04 | Atualizado em 09/09/2021 às 23:08
BRASÍLIA Caminhoneiros se reúnem desde o início da semana próximo ao QG do Exército para manifestação - EVARISTO SA / AFP

Caminhoneiros que protestam há três dias na Esplanada dos Ministérios começaram a deixar o local na tarde desta quinta-feira (9). De acordo com nota da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, "a maior parte das estruturas e dos caminhões foram retirados do local".

A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que há um "avanço das tratativas" para a desocupação dos caminhoneiros e que "a previsão é que as vias N1 e S1 - entre a Catedral e a Avenida José Sarney - sejam desobstruídas" até a sexta-feira. "O acesso à Praça dos Três Poderes segue restrito, protegidos por gradil e por policiais militares", informou a secretaria sobre a previsão.

O trânsito no local está fechado desde a última segunda-feira, 6, na véspera das manifestações de 7 de Setembro. Na noite de segunda, apoiadores do presidente furaram o bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal e invadiram a Esplanada.

Os protestos dos caminhoneiros, que contaram com bloqueios em vários Estados, começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro. A pauta dos manifestantes é a defesa do governo federal e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes.

A saída de alguns caminhoneiros da Esplanada aconteceu logo após o próprio presidente recuar das ameaças feitas ao Supremo durante as manifestações. Há dois dias, chamou Moraes de "canalha" em discurso feito do alto de um carro de som na Avenida Paulista, em São Paulo, e prometeu desobedecer decisões do magistrado. Em nota divulgada nesta quinta-feira, porém, disse que as declarações foram feitas no "calor do momento", que não teve "nenhuma intenção e agredir quaisquer dos Poderes" e chegou a elogiar Moraes.

Em outro recuo, na noite desta quarta-feira, 8, Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, enviaram mensagens pedindo aos caminhoneiros para interromperem as paralisações. Na mensagem, Bolsonaro trata os caminhoneiros como "aliados" e apela para que os manifestantes desobstruam as vias porque "atrapalha nossa economia".

O chefe do Poder Executivo se reuniu na tarde de hoje com líderes da categoria, como Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, para negociar o fim das paralisações. Após o encontro, Burgardt indicou que o os manifestantes devem continuar mobilizados até representantes serem recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A intenção do grupo é pressionar o chefe do Congresso a abrir processo de impeachment contra Moraes. Um pedido apresentado pelo chefe do Executivo no mês passado foi rejeitado por Pacheco.

Alguns manifestantes ainda resistem a sair da Esplanada. A Polícia Militar do DF tentou usar guinchos para retirar os caminhões, mas uma parte ainda segue estacionada lá. "Ainda não saíram, na verdade só tiraram da via, do meio da pista", disse o major Michelo Bueno, porta-voz da PM-DF.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), que representa as empresas do setor, disse que vê com preocupação a paralisação dos caminhoneiros bolsonaristas.

No boletim divulgado às 20h30 desta quinta, o Ministério da Infraestrutura informou que não há mais bloqueios em rodovias. No entanto, a pasta disse que ainda eram registrados pontos de concentração em rodovias federais de 14 Estados.

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