O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (30), durante conversa com o presidente Recep Erdogan, da Turquia, que a Petrobras “é um problema”. Na conversa, registrada pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, o presidente criticou ainda a cobertura da imprensa e mentiu a respeito de seus índices de aprovação. Bolsonaro está em Roma, na Itália, para o encontro dos líderes do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo.
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Entrei na sala privada onde os líderes conversavam antes do #G20RomeSummit começar. Em instantes, publicaremos a participação de Bolsonaro em uma rodinha de líderes. Eu não sabia onde me esconder de vergonha. Aguardem!! pic.twitter.com/IunWfRGWac
— Jamil Chade (@JamilChade) October 30, 2021
"A Petrobras é um problema, mas estamos quebrando monopólios, com reação muito grande. Há pouco tempo, era uma empresa de um partido político. Mudamos isso", disse Bolsonaro a Erdogan, por meio de um intérprete. Na última sexta-feira (29), a Petrobras perdeu R$ 23 bilhões em valor de mercado.
Bolsonaro ainda disse a Erdogan que a economia brasileira está se recuperando da crise da covid-19. "Economia voltando bem forte. A mídia, como sempre, atacando. Estamos resistindo bem. Não é fácil ser chefe de Estado em qualquer lugar do mundo", afirmou, sem citar a disparada da inflação. A escalada de preços levou o Banco Central a subir a taxa básica de juros do País, a Selic, em 1,5 ponto porcentual, a 7,75%, no maior aumento desde 2002.
O presidente brasileiro também disse ao colega turco ter um apoio popular muito grande, quando, na verdade, setores de dentro do governo não dão a reeleição como garantida. Não à toa, o Palácio do Planalto resolveu lançar um Auxílio Brasil turbinado a R$ 400 apenas até o final do ano eleitoral, com o objetivo de vitaminar a popularidade de Bolsonaro.
"E quando é a eleição?", questionou Erdogan ao líder brasileiro durante a conversa. "Daqui a 11 meses", respondeu Bolsonaro. "Significa que o senhor tem ainda muita coisa para fazer", acrescentou o turco. "Temos boa equipe de ministros. Não aceitei indicação de ninguém. Prestigiei as Forças Armadas. Um terço dos ministros são militares", tentou insistir o presidente.
AGENDA
Bolsonaro está no encontro do G20, em Roma, com os ministros Guedes, João Roma (Cidadania), Walter Braga Netto (Defesa) e Carlos França (Relações Exteriores) e participará, entre hoje e amanhã, além de encontros bilaterais, de painéis sobre economia, meio ambiente e saúde pública. Os três temas são considerados delicados para o governo, em meio às críticas sobre a política ambiental e a postura durante a pandemia.
Na segunda-feira, 1 de novembro, após a cúpula, o presidente segue para a cidade italiana de Anguillara Veneta, onde moravam seus antepassados, para receber o título de cidadão local. O projeto de homenagem ao presidente foi aprovado sob críticas.
Na sexta-feira, 29, militantes ambientais chegaram a pichar "Fora, Bolsonaro" na prefeitura da cidade. Ao cumprir a agenda pessoal em Anguillara Veneta, Bolsonaro deixará de ir à COP-26, evento sobre as mudanças climáticas que contará com a presença dos principais líderes globais. O governo será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite.
IMPEACHMENT
Levantamento do Datafolha realizado mês passado mostrou que 56% dos brasileiros são favoráveis ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A pesquisa foi feita entre 13 e 15 de setembro e ouviu 3.667 pessoas com 16 anos ou mais em 190 cidades.
A pergunta sobre o apoio ao impeachment é feita na pesquisa desde abril de 2020, quando 48% eram contrários. A primeira vez que a maioria mostrou-se favorável ao impeachment foi em maio deste ano — 49% favoráveis frente a 46% contrários.