O presidente brasileiro Jair Bolsonaro concluiu nesta terça-feira (2) uma controversa visita de cinco dias à Itália, marcada pelos protestos, mas também pelo apoio do líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini.
"Peço desculpas pelas polêmicas que dividem (...). A amizade vai além das polêmicas, que não representam o povo italiano", disse o líder de extrema-direita e ex-ministro do Interior italiano durante a cerimônia.
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"Acho incríveis e surreais" as polêmicas suscitadas pela visita de Bolsonaro, acrescentou Salvini.
O ato oficial, que contou com a presença de autoridades brasileiras e locais, foi organizado em frente ao monumento erguido no cemitério da cidade em homenagem aos soldados brasileiros que morreram lutando contra os nazistas, os chamados "pracinhas", e cujos restos mortais foram transferido na década de 1960 para o Brasil.
A presença de Bolsonaro gerou polêmica e protestos em toda a região, como aconteceu na véspera nas cidades de Pádua e Anguillara Veneta, onde recebeu a "cidadania honorária", concedida pelo município liderado pela Liga, partido de Salvini, e de onde seus ancestrais emigraram há mais de um século.
Um impotente serviço de segurança foi mobilizado ao longo de seu percurso para impedir confrontos.
Na segunda-feira, foram registrados duros confrontos em Padua entre cerca de 500 militantes de extrema esquerda e a polícia, que usou canhões d'água para dispersar a manifestação.
Além das manifestações convocadas por partidos de esquerda, movimentos ecológicos e organizações antimáfia em Pistoia, a igreja local aderiu ao protesto.
O bispo de Pistoia, Fausto Tardelli, explicou que não presidiu a cerimônia em protesto à exploração midiática da celebração dos mortos. O ato esteve a cargo do pároco local de San Rocco, Piero Sabatino.
Os frades do convento de Santo Antônio de Pádua, que o presidente brasileiro visitou na segunda-feira, também criticaram a viagem de Bolsonaro, "uma pessoa que acaba de ser acusada por seu próprio país de crimes contra a humanidade", lamentaram em nota.
Em todas as etapas, grupos de simpatizantes do presidente, a maioria brasileiros que moram em várias regiões da península, envoltos em bandeiras e cantando hinos, foram às ruas para ovacioná-lo.
No entanto, o apoio de Salvini a Bolsonaro irritou alguns setores da coalizão de centro-direita italiana à qual pertence.
"É hora de Matteo decidir de qual lado quer estar", comentou em um programa de televisão o ministro do Desenvolvimento Giancarlo Giorgetti, seu principal adversário dentro da Liga.
Antes de partir, Bolsonaro fez uma breve visita à Torre de Pisa.