Atualizada às 20h36
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, terá liberdade para conduzir a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à sigla e decidir sobre os rumos do partido para as eleições de 2022. A posição foi acordada após reunião da direção nacional e os diretórios estaduais do partido, na tarde desta quarta-feira (17) em Brasília.
"O presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, tem carta branca para conduzir e decidir sobre a sucessão presidencial e a filiação do presidente Jair Bolsonaro", diz trecho da nota.
Como resultado da reunião, o PL também assegurou que não há objeção em nenhum dos diretórios para receber Bolsonaro na legenda. "O Partido Liberal está pronto e alinhado para receber o presidente da República, Jair Bolsonaro, em todos os estados", diz outro trecho da nota.
A filiação de Bolsonaro está suspensa, até segunda ordem, pois o presidente e Valdemar Costa Neto não chegaram a um acordo sobre o comando do partido nos estados. Bolsonaro não quer que os diretórios estaduais do PL apoiem seus adversários nas eleições presidenciais de 2022, o que pode ser um entrave pois no Nordeste, por exemplo, a sigla pode firmar alianças com a esquerda. O presidente também tem interesse em alguns estados específicos, sobretudo São Paulo.
A reunião teria aparado as arestas em relação a esses percalços. "A reunião serviu para conversar sobre todo o Brasil. Todos os estados brasileiros foram analisados e chegamos a um consenso de que o presidente Valdemar tem toda a autorização do partido para conduzir todos os entendimentos com o presidente Bolsonaro. De parte do PL, está tudo harmonizado e queremos receber o presidente Bolsonaro o mais rápido possível, até para que cada um possa organizar as campanhas nos estados", disse o senador Wellington Fagundes (PL-MT) ao jornal o Globo.
A sigla não deve, a princípio, coligar com adversários de Bolsonaro nos estados. "Em todos os estados, Nordeste, Norte, Sul, Leste, o apoio do partido será para o presidente Bolsonaro e não terá nenhum governador, nenhum senador, que não esteja alinhado com o projeto do presidente Bolsonaro", disse o senador Jorginho Mello, presidente do PL-SC ao jornal o Globo.
Estados
De Pernambuco, participaram o presidente do diretório estadual do PL e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, e o vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, André Ferreira (PSC), que deve se filiar ao PL na janela partidária.
A iminência de entrada da entrada de Bolsonaro trouxe problemas em Pernambuco conta da intenção do presidente de lançar o ministro do Turismo, Gilson Machado, a governador ou a senador, o que teria desagradado Anderson, de acordo com o jornal o Globo.
Ainda segundo o jornal, André Ferreira afirmou a jornalistas após a reunião que o apoio a Bolsonaro está "pacificado" nos estados. Em um material divulgado pelo partido, é ressaltado o "clima ameno" da reunião, cujo principal objetivo era o "encontro de soluções para eventuais divergências relacionadas ao pleito de 2022".
Na semana passada, Anderson foi até Brasília para se encontrar com Valdemar e saiu de lá com uma nota pública do partido dizendo que ele teria autonomia para formação das chapas em Pernambuco, tanto a majoritária como a proporcional. "As decisões tomadas pela direção da legenda em Pernambuco contam com pleno apoio da direção nacional do partido", diz trecho da nota.
Mas São Paulo é na verdade o maior causa dos atritos, o que fez com que Bolsonaro adiasse a data de filiação, então marcada para o dia 22 de novembro. Bolsonaro quer emplacar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, como candidato a governador, o que vai de encontro ao arranjo local onde o PL está inserido.
No estado, o PL é aliado do governador de São Paulo, João Doria, inimigo político de Bolsonaro, e está trabalhando pela candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB). O estado é o reduto político do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).
"Eu acredito que está ficando muito difícil o Rodrigo Garcia ter hoje o apoio do PL em São Paulo. A decisão é que o presidente Bolsonaro terá o apoio do PL em São Paulo com candidato do próprio partido ou em uma coligação", disse Wellington Fagundes.
Leia a íntegra da nota
"Os presidentes dos diretórios regionais do Partido Liberal, reunidos na sede nacional da legenda em Brasília, por unanimidade, decidiram que:
1 - O Partido Liberal está pronto e alinhado para receber o presidente da República, Jair Bolsonaro, em todos os estados.
2 - O presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, tem carta branca para conduzir e decidir sobre a sucessão presidencial e a filiação do presidente
Jair Bolsonaro".