Não causou surpresa a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (9), de que o Partido dos Trabalhadores (PT) teria o “direito de indicar o candidato ao Senado” na chapa a ser encabeçada pelo PSB. Isso porque o partido tem repisado o argumento de que a retirada da pré-candidatura ao governo do senador Humberto Costa seria um gesto político aos socialistas, ou seja, um movimento que requer reciprocidade.
"Com o gesto de Humberto Costa de retirar a candidatura a governador, que enalteço e elogio, o PT espera reciprocidade do PSB. Paulo Câmara vai fazer falta no Senado, mas eu respeito a opção do partido. PT e PSB vão construir uma chapa com possibilidade de ganhar a eleição em Pernambuco, sem perder o respeito aos adversários", afirmou o presidenciável, em entrevista à Rádio Clube.
Apesar de ser esperado, as declarações de Lula, segundo fontes ligadas ao Palácio do Campo das Princesas, têm um peso importante na discussão sobre os espaços que os partidos que compõem a base aliada do governo, vão ter nesse processo sucessório. Diferente do que alguns socialistas afirmaram, internamente, de que não haveria resistências para essa indicação, aliados da Frente Popular enxergam que ainda “há muito chão” até uma definição.
Presidente estadual do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte afirmou ao JC que considera legítimo que partidos como PT, PDT, PSD, Republicanos e PCdoB estejam pleiteando a única vaga de senador na chapa. Acontece que o dirigente progressista faz um breve histórico dos momentos em que o seu partido abriu mão em prol de um projeto maior.
"Não podemos estar na Frente Popular só abrindo mão para os outros, como fizemos nas eleições de 2014, para a vaga ocupada por Fernando Bezerra Coelho, na época pelo PSB. E nós estávamos em uma posição muito confortável, tínhamos 14 deputados estaduais. Depois em 2018, abrimos mão também do Senado para as candidaturas do PT e do MDB”, explicou Eduardo da Fonte.
“A gente nunca deixou de reconhecer a legitimidade dos outros partidos de fazerem suas indicações, mas neste momento está na hora de reconhecerem a legitimidade do PP. Temos que observar essa escadinha e ver quem está na vez. Estivemos com os candidatos do PSB nas últimas quatro eleições e também estivemos com os candidatos a presidente da República do PT, nunca mudamos de lado e posicionamento em Pernambuco” , completou o dirigente.
Também colocaram seus nomes à disposição os deputados federais Silvio Costa Filho (Republicanos), Wolney Queiroz (PDT), André de Paula (PSD) e a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB). Não será uma tarefa fácil para o governador, que está em Brasília junto com o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, para colocar na mesa o cenário local e nacional em pauta com o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira. O encontro, inclusive, ocorre às vésperas da terceira reunião entre o PT, PSB, PCdoB e PV sobre a federação partidária.
“Acho que é natural essa reivindicação do PT, que tinha uma candidatura que liderava as pesquisas, mas retirou em prol dessa unidade. Agora, nós temos que construir isso conjuntamente, com as várias candidaturas para o Senado”, afirmou Luciana Santos, ao JC.
Entretanto, essa discussão sobre o restante da chapa majoritária não deve atrapalhar o anúncio do candidato do PSB ao Governo do Estado - que ao que tudo indica será o deputado federal Danilo Cabral. “Está colocado que nesse primeiro momento, o desenho feito é sobre o anúncio do candidato, depois essa discussão sobre a vaga de vice e senado. É importante destacar que o posicionamento do Lula vai ter muito peso, mas que o diferencial nessa discussão é que o PT já tem uma vaga no Senado. Então não sabemos se é algo colocado por eles como definitivo ou se seria interessante discutir a vice também”, informou uma fonte próxima do PSB, sob reserva.