Após carta de Doria, Bruno Araújo diz acreditar em solução política para desentendimento com o correligionário

Ex-governador de São Paulo ameaçou ir à Justiça caso o PSDB o impeça de disputar o Palácio do Planalto nas eleições deste ano
Renata Monteiro
Publicado em 16/05/2022 às 17:54
João Doria e Bruno Araújo Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


Depois de o pré-candidato a presidente do PSDB, o ex-governador João Doria, enviar uma carta ao presidente do partido, Bruno Araújo, afirmando que não vai desistir de concorrer ao Palácio do Planalto e indicando que pode judicializar a questão se for impedido pela agremiação, o pernambucano disse crer que o caso será resolvido politicamente. Bruno esteve em Pernambuco nesta segunda-feira (16) para uma reunião com pré-candidatos tucanos e do Cidadania do Estado.

"Quem está na vida pública e faz política é normal e até comum assistir à judicialização de um partido contra outro partido, de um candidato contra outro candidato. É pouco comum alguém judicializar contra o seu próprio partido, isso não é da natureza da política. E eu continuo acreditando que a política é a solução dos caminhos e ela vai levar a bom termo", observou o cacique partidário, durante coletiva de imprensa.

Após a divulgação da carta de Doria no último fim de semana, Bruno convocou uma reunião da Comissão Executiva Nacional do partido para discutir o que foi exposto pelo pré-candidato no documento. Hoje, o presidente tucano disse que o grupo vai decidir a abordagem que será adotada diante desta situação.

No texto do ex-governador de São Paulo, ele pede que Bruno respeite o resultado das prévias que o escolheram como pré-candidato à presidência e acusa "parte da cúpula do PSDB" de, antes mesmo do processo interno, arquitetar "tentativas de golpes".

"Qual foi a nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito", disse Doria, na carta.

Especificamente sobre os gestos de Bruno, o pré-candidato declarou que as movimentações do pernambucano mudam "a cada semana" e que isso "cria insegurança jurídica para os filiados". Ele argumenta, ainda, que uma decisão da Executiva não pode se sobrepor às prévias e que pode recorrer à Justiça caso isso ocorra.

Mesmo tendo realizado prévias, o PSDB tem conversado com outras legendas de centro, como o MDB e o Cidadania, para construir uma candidatura única ao Planalto. Com o desembarque do União Brasil do grupo, os demais partidos encomendaram pesquisas para descobrir qual dos pré-candidatos teria melhores condições de entrar na disputa, se Doria ou a senadora Simone Tebet, do MDB.

Segundo Bruno Araújo, na reunião da Executiva será analisado justamente se o partido vai abraçar o resultado das prévias internas ou se o cenário apresentado pelas pesquisas será determinante para a escolha do candidato que será apoiado pela sigla em outubro. "Eu vou apresentar as opções, a Executiva é que vai decidir o caminho", disse.

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