Com informações do Estadão Conteúdo
Pressionado por partidos da terceira via, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) desistiu de disputar a Presidência da República nas eleições de 2022.
Com embates dentro do próprio partido, Doria fez um pronunciamento no início da tarde desta segunda-feira (23) e confirmou que está fora da disputa presidencial.
"Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou o nome da cúpula do PSDB. Aceito essa realidade com a cabeça erguida", disse Doria. "O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", completou.
Apesar de ter vencido as prévias de seu partido, Doria vinha enfrentando resistência para alavancar sua candidatura. Nos últimos meses, sua legenda mostrava poucas esperanças no projeto do paulista.
Uma ala do PSDB tentou fazer com que o ex-governador Eduardo Leite fosse o nome tucano para a corrida, mas o projeto não teve sucesso. Na última semana, o PSDB, junto com o MDB e o Cidadania, definiram em conjunto apoiar Simone Tebet (MDB) para a eleição presidencial.
Confira o pronunciamento de Doria:
Para manter a candidatura, aliados de Doria argumentavam que ele aparece à frente de Simone Tebet nas pesquisas quantitativas. O marqueteiro Lula Guimarães, responsável pela campanha do paulista, disse ao O Globo, que ele tem mais potencial de crescimento e atributos por sua experiência como ex-governador de São Paulo, onde fez uma gestão com realizações de impacto nacional como a vacina CoronaVac.
Já o entorno de Tebet destaca que ela não só tem pouca rejeição, como também dialoga com o público feminino, o mais indeciso, segundo as pesquisas. Além disso, dizem que Tebet tem mais apoio político, enquanto Doria está isolado no PSDB. Pelo menos 19 diretórios estaduais do MDB apoiam Tebet.
Na última quarta-feira, 18, os presidentes dos partidos "rifaram" Doria e endossaram o nome da emedebista após uma pesquisa interna indicar que a rejeição menor a Tebet dava mais condições a ela, que ao ex-governador de São Paulo, de tentar quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em seu pronunciamento, o ex-governador afirmou que o Brasil "precisa de uma alternativa para oferecer aos eleitores que não querem os extremos".
Pesquisa
Com apenas 2% da preferência, a senadora Simone Tebet empata, dentro da margem de erro, com João Doria, que chegou a 4% no mais recente levantamento do Ipespe.
Em vez da intenção de voto, a resposta que lhe favoreceu foi a rejeição mais baixa. Segundo o instituto, 37% não votariam de jeito nenhum em Simone. Já em relação ao tucano, esse porcentual sobe para 53%.
Mas não é só. Há ao menos mais dois fatores que beneficiaram Simone na disputa direta com Doria. O primeiro diz respeito à obrigatoriedade de partidos investirem ao menos 30% dos recursos dos fundos partidário e eleitoral em candidaturas femininas.
Com uma mulher disputando a Presidência, o MDB já dará um passo importante no cumprimento da cota, uma vez que campanhas presidenciais devem ter um teto de aproximadamente R$ 70 milhões só no primeiro turno - o partido receberá acima de R$ 417 milhões.
O segundo fator adicional às pesquisas diz respeito ao apoio interno conquistado ao longo dos últimos meses. Diferentemente de Doria, a senadora tem seu nome defendido pelo presidente nacional da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), e conta com a aprovação declarada de 20 dos 27 diretórios estaduais. Essa maioria deve lhe assegurar uma posição confortável na convenção do partido, que costuma ser acirrada.