O clima para as eleições de outubro deve esquentar ainda mais nas próximas semanas com a realização das convenções partidárias, que tiveram início nesta quarta-feira (20) e seguem até o dia 5 de agosto.
Durante o programa Corrida Eleitoral, da Rádio Jornal, o cientista político Antonio Lavareda explicou que após as convenções as pesquisas de opinião poderão entregar o cenário mais correto ao eleitor.
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"Estamos na fase de convenções quando ocorrem as definições, o fechamento das chapas. As pesquisas serão mais efetivas, vão sinalizar melhor aos eleitores a força relativa dos competidores a partir de quando de fato forem registradas as chapas. Das principais chapas em Pernambuco, algumas ainda estão sem candidato ao Senado, que é o segundo principal posto disputado nesta eleição", afirmou.
A convenção partidária é exigida pela lei eleitoral e pode ser considerada o pontapé inicial da campanha. Nelas, os filiados decidem quem serão os candidatos às eleições, seja por aclamação, seja por votação. E se o partido não fizer a convenção, fica sem candidatos.
Neste ano, os partidos definem os candidatos a presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, senador, deputado federal, deputado estadual e distrital, no caso de Brasília.
Sobre a eleição para presidente, Lavareda diz que o cenário deve continuar estável, com a disputa se dando entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Mas ele destaca que há, sim, uma expectativa sobre o impacto que os auxílios, como o Auxílio Brasil de R$ 600, e o 'voucher caminhoneiro', terão na popularidade de Bolsonaro.
"As últimas pesquisas não variam muito. Vamos assistir bastante estabilidade nas próximas semanas, mas começando a propaganda de TV e Rádio, na última semana de agosto podemos ter alguma movimentação, sobretudo nos eleitores não se definiram. Podemos esperar estabilidade ainda que exista expectativa sobre o impacto do primeiro pagamento novo valor do auxílio, acompanhado do vale caminhoneiro, do pacote chamado de 'PEC eleitoral' nos números. Aliados do presidente estão mais favoráveis na expectativa e os petistas acreditam que isso não produza grande movimento na base da população, onde há grosso apoio a Lula".
Pernambuco
Nesta quarta e quinta-feira, Lula cumpre agenda em Pernambuco. Lavareda detalha a importância da passagem do petista para a campanha de Danilo Cabral, pré-candidato do PSB ao Governo de Pernambuco.
"Lula deverá reafirmar apoio a Danilo de forma intensa, dispensa dois dias nessa agenda e deixará claro que Danilo é o seu candidato. Entre outros motivos para Danilo aparecer de forma modesta nas pesquisas, está a taxa de conhecimento ainda baixa desse candidato. Obviamente, com a visibilidade que Lula adiciona durante a visita, essa taxa pode aumentar, com esse sinal positivo para parte do eleitorado. O apoio de Lula com maior nível de conhecimento pode contribuir para que úmeros do candidato sofram elevação".
Na visão do cientista político, os candidatos desconhecidos também precisam aguardar o guia eleitoral para tentar fisgar o eleitor ainda indeciso.
Jair Bolsonaro
Questionado sobre a postura de Jair Bolsonaro para com as instituições, Antonio Lavareda disse que isso não o ajuda do ponto de vista eleitoral. Com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral Bolsonaro agrada sua base, mas desagrada a população que teme uma ruptura democrática no país.
"Há uma questão mais séria que deve ser colocada. Bolsonaro se coloca em alguns momentos como candidato e em outros como pretenso autor de algum movimento autoritário, isso deu lugar a essa reunião esdrúxula com embaixadores de outros países e prejudica a imagem do Brasil. Isso abriu espaço para que procuradores do MPF pressionassem pela abertura de procedimento investigativo contra Bolsonaro e apontassem crime de responsabilidade. Além disso, você vê associações vindo em defesa da lisura e adequação técnica das urnas eletrônicas, isso é sério para a democracia".
Na última segunda-feira, 18, o presidente Bolsonaro se reuniu com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para disseminar informações já desmentidas sobre a lisura do processo eleitoral brasileiro. O chefe do Executivo tem intensificado ataques ao sistema de votação e tentado desacreditar os ministros da Corte eleitoral, insinuando com frequência que eles agiriam para beneficiar seu principal adversário nas urnas, o ex-presidente Lula.
Michel Temer
Por fim, Lavareda analisou as notícias que apontam uma possível candidatura do ex-presidente Michel Temer ao Palácio do Planalto ainda neste ano. o especialista destaca que o tempo é estreito para uma candidatura de Temer, mas ressalta que há dificuldade para o MDB lançar a senadora Simone Tebet.
"Se resiste no MDB a adiar a convenção e isso pode acontecer para substituição de Tebet. Se o MDB seguir esse caminho, deve ter de escolher por duas direções: ou leva como onze diretórios na direção de apoio a Lula ou segue parte apoiando Temer."
Segundo Lavareda, os defensores da candidatura de Temer apontam que numa eleição em que há uma disputa entre um presidente (Bolsonaro) e um ex-presidente (Lula), será necessário um currículo extenso.
"Eles se apoiam no argumento de que essa eleição será briga de cachorro grande, com sarrafo curricular elevado. Simone Tebet é uma excelente senadora, mas ocupou apenas uma prefeitura e uma vice-governadoria no Executivo, é um currículo modesto para a eleição. Temer seria um candidato, segundo os que defendem sua indicação, com currículo na altura dessa densidade de experiencia que a eleição requer", concluiu Lavareda.
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