Interrupção
'Faço valer o meu direito de falar e de votar', diz Cármen Lúcia ao ser interrompida no STF
A ministra do STF foi interrompida diversas vezes por seus colegas até conseguir proferir seu voto, um exemplo prático de "manterrupting"
Cadastrado por
Mirella Araújo
Publicado em 10/08/2022 às 19:10
| Atualizado em 10/08/2022 às 19:13
Com Estadão Conteúdo
Durante a tentativa de pautar um processo que não esta previsto na pauta de julgamentos na sessão do
Supremo Tribunal Federal (STF), realizada nesta quarta-feira (10), a ministra Cármen Lúcia foi interrompida diversas vezes, antes de conseguir concluir a apresentação da questão de ordem.
A situação vivenciada pela ministra Cármen Lúcia é denominada de "manterrupting". A expressão emprestada do inglês é resultado da união das palavras man (homem) e interrupting (interrompendo) e foi criada para ilustrar situações em que um homem não deixar a mulher falar.
Ela passou mais de vinte minutos até conseguir tomar a palavra para fazer a leitura do voto e do relatório, conforme publicação do Estadão, sendo interrompida pelos colegas Luiz Fux, Kassio Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
A
ministra Rosa Weber,
eleita a nova presidente do STF, também nesta quarta-feira, percebeu a situação e comentou sobre o episódio. Elas são as duas únicas mulheres na composição atual do STF - a posse de Weber para a presidência está marcada para o dia 12 de setembro.
"Eu não posso me furtar ao registro de que finalmente eu consegui o que eu tanto queria, que era ouvir o voto da eminente relatora na questão de ordem", disse Rosa após sair em defesa da colega e insistir em ouvi-la.
Ao final da sessão, Fux tentou se justificar e disse que não teve a intenção de interromper a colega, apenas de "mediar" a sessão.
"A minha proposição inicial se deu pelo fato de ter prévio conhecimento da leitura do voto de Vossa Excelência. Jamais foi minha intenção suprimir a sua palavra", disse o presidente do STF. "Na qualidade de presidente, tentei mediar", acrescentou.
Em resposta, Cármen Lúcia contemporizou a situação: "Nem se preocupe. Mesmo que suprimam, eu faço valer o meu direito de falar e de votar. Nós mulheres não temos cerimônia."