Da AFP e Estadão Conteúdo
Um apoiador do presidente Jair Bolsonaro assassinou com golpes de faca e machado um seguidor do ex-presidente Lula após uma discussão por questões políticas em uma zona rural do Mato Grosso, informou a polícia nesta sexta-feira (9).
A vítima, identificada como Benedito Cardoso, tinha 42 anos e travou uma briga corpo a corpo com o suspeito do crime, Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos.
O crime aconteceu na noite de quarta-feira (7) em uma chácara em Confresa, município de cerca de 30.000 pessoas em Mato Grosso.
Victor Donizete de Oliveira Pereira, delegado da Polícia Civil em Confresa, afirmou que os homens estavam sozinhos na propriedade rural quando começou uma "discussão por motivos políticos".
"A vítima estava defendendo o Lula e, o autor disse que estava defendendo o Bolsonaro", acrescentou.
Segundo a polícia, Benedito Cardoso deu um primeiro soco no assassino, que devolveu. A vítima fatal então pegou uma faca para atacar Rafael Silva, que tomou para si a arma branca, o perseguiu e depois o atacou com ela.
Com Cardoso no chão, o assassino o golpeou pelo menos 15 vezes.
De acordo com a polícia, Rafael pegou um machado e atingiu Cardoso no pescoço. Ele então tentou esconder as armas e fugiu, segundo Oliveira Pereira.
O suspeito foi preso após procurar atendimento médico nos arredores do local do crime. Ele estava com um corte na mão e teria confessado ter matado Benedito por motivação política.
O Brasil vive sua campanha eleitoral mais polarizada em décadas antes das eleições de 2 de outubro, nas quais Bolsonaro buscará a reeleição e Lula lidera as pesquisas.
"É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso (...) A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país", escreveu Lula no Twitter.
O esquerdista mantém 45% das intenções de voto, frente 32% do presidente, segundo pesquisa Datafolha de 1 de setembro.
"Os candidatos devem instar que seus seguidores respeitem as posições de seus adversários políticos e nunca apelem para a violência", disse em nota Juanita Estrada, diretora da Human Rights Watch para as Américas.
Diante do clima de tensão, a polícia reforçou o esquema de segurança. Tanto Bolsonaro quanto Lula apareceram em comícios usando coletes à prova de balas e evitaram contato próximo com apoiadores.
Assassinato de petista por bolsonarista em Foz do Iguaçu
Em 10 de julho deste ano, um guarda municipal de Foz do Iguaçu foi assassinado em sua festa de aniversário por um apoiador de Bolsonaro.
Marcelo Arruda era tesoureiro do PT na cidade, e teve sua festa interrompida duas vezes por Jorge José da Rocha Guaranho.
A decoração da celebração era inspirada em Lula e no PT.
Na semana passada, um policial militar de folga atirou na perna de um fiel durante um culto da Congregação Cristã no Brasil em Goiânia, também por motivação política.