O debate da Rádio Jornal com os candidatos ao Governo de Pernambuco, que foi ao ar na manhã desta terça-feira (13), trouxe poucas novidades para os eleitores que têm acompanhado mais atentamente a campanha deste ano ao Palácio do Campo das Princesas.
Como tem ocorrido nos últimos debates com os postulantes, Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) não compareceram, e enquanto os candidatos de oposição atacavam ininterruptamente o governo Paulo Câmara (PSB), Danilo Cabral (PSB), nome apoiado pelo atual chefe do Executivo, associava-se à figura do ex-presidente Lula (PT) e batia nos seus adversários.
No primeiro bloco do programa, chamou atenção um embate entre Miguel Coelho (União Brasil) e Danilo Cabral (PSB), quando o ex-prefeito de Petrolina afirmou que o socialista "jogou fora" R$ 100 milhões nas obras do projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe.
"Quando você foi secretário das Cidades, jogou fora R$ 100 milhões no então projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe. Como você propõe agora alguma mudança, sendo mais do mesmo?", questionou Miguel, na ocasião.
Em resposta, Danilo negou que os valores investidos no projeto de Navegabilidade tenham sido desperdiçados. "Os recursos não foram jogados fora. Na verdade, o principal investimento que foi feito, a dragagem do Rio Capibaribe, ajudou a questão ambiental, ajudou a evitar novas inundações na cidade do Recife e o que nós precisamos saber agora é qual o destino que nós vamos dar à situação que está lá", observou.
Outro candidato incisivo nas críticas a Danilo foi o Pastor Wellington (PTB). Segundo ele, as gestões socialistas foram uma "desgraça" para Pernambuco. "Esse governo do qual Danilo Cabral faz parte é uma desgraça, jogou Pernambuco no fundo do poço. Não funciona nada, é só projeto, nada saiu do papel. Transporte público, navegabilidade... Seriam mais de 300 mil usuários sendo atendidos, mas não saiu do papel. Foram mais de R$ 100 milhões jogados fora", detalhou o petebista.
Desviando da tentativa de Miguel e Wellington de ligá-lo a Paulo Câmara, Danilo defendeu durante o programa o que chama de "reencontro de Pernambuco com o Brasil", focando na aliança com Lula. "O melhor momento de Pernambuco foi o do Governo Lula com o Governo Eduardo. Vamos tirar Bolsonaro e colocar Lula, estou preparado pra isso, tenho 35 anos dedicados a Pernambuco como servidor, vereador, secretario da prefeitura, secretario de Eduardo e fui deputado três vezes", disse o socialista.
O embate entre o deputado federal e o ex-prefeito de Petrolina rendeu, ainda, ataques de Danilo ao senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), pai de Miguel. Em estratégia semelhante a que tem usado com Marília Arraes, Danilo declarou que o emedebista é o "rei do orçamento secreto".
"O maior chaleira do governo federal foi o pai dele (Fernando Bezerra Coelho), que foi líder do governo Bolsonaro no Senado durante 3 anos, e não foi à toa que ele pegou muito dinheiro do orçamento secreto. Eu disse no outro debate e repito aqui, ele é o rei do orçamento secreto. Ele pegou mais de R$ 300 milhões do orçamento secreto, segundo o jornal Folha de S. Paulo", disparou Danilo.
Em outro momento do debate, quando deveria escolher um adversário para fazer sua pergunta, Danilo apontou João Arnaldo, mas direcionou a pergunta a Marília Arraes. Ela lidera a corrida pelo Governo de Pernambuco e disputa com o governista o voto de esquerda no Estado.
"Infelizmente, Marília Arraes não participou novamente do debate. Queria perguntar sobre a denuncia de que ela solicitou orçamento secreto, que Lula chama de 'safadeza'. Qual sua opinião sobre isso?", perguntou Danilo Cabral a João Arnaldo.
Raquel Lyra foi outra candidata a mirar na chapa de Marília durante o programa, mais especificamente no seu candidato a vice-governador, Sebastião Oliveira (Avante). Na ocasião, a tucana lembrou que Sebá foi secretário de Transportes do governador Paulo Câmara (PSB) e, inclusive, chegou a ser investigado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção na pasta.
"Deve ser para não falar com quem anda a razão pela qual Marília Arraes não está aqui. Ela precisa falar sobre o vice dela, por exemplo, foi secretário de Transporte de Paulo Câmara por mais de três anos, responsável pelas estradas de Pernambuco. Investigado pela Polícia Federal pelo uso indevido de R$ 60 milhões em razão da obra do contorno da BR-101", pontuou Raquel.
Após o debate, Oliveira falou ao JC que, após minuciosa investigação do Ministério Público e a Polícia Federal, com respectiva duração de 18 meses e 12 meses, o assunto foi encerrado sem indiciamento. "Acho muito difícil que se Raquel Lyra e os seus familiares passassem pelo mesmo processo de quebra de sigilo conseguiriam sair incólumes e imaculados, como eu", disse o vice de Marília Arraes.
O deputado federal foi além, e classificou a ex-prefeita de Caruaru como "um puxadinho do PSB", "o plano B". "Ela está utilizando o mesmo modus operandi de moer a reputação e disseminar fake news", completou Sebá.
A mediação do primeiro debate com os candidatos a governador de Pernambuco no Recife ficou a cargo do comunicador Wagner Gomes.
Sete dos 11 postulantes foram convidados a participar do programa: Anderson Ferreira (PL), Danilo Cabral (PSB), João Arnaldo (PSOL), Marília Arraes (SD), Miguel Coelho (União Brasil), Pastor Wellington (PTB) e Raquel Lyra (PSDB). Apenas candidatos de partidos com representação mínima de cinco parlamentares no Congresso receberam convites.
O debate foi ancorado pela Rádio Jornal e retransmitido em rede para todas as rádios do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC). Houve transmissão do programa pelo Youtube, Instagram e Facebook da Rádio Jornal. Também foi possível assistir ao debate pelos perfis do Jornal do Commercio, TV Jornal e NE10 no Facebook.