Brasília
Comandantes das FORÇAS ARMADAS desistem de ENTREGAR CARGOS antes da posse de LULA
Mudança no panorama ocorreu depois de articulação direta do futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
Cadastrado por
Renata Monteiro
Publicado em 16/12/2022 às 19:44
| Atualizado em 16/12/2022 às 21:35
Do Estadão Conteúdo
A mudança brusca na cúpula militar brasileira foi desarticulada. Os atuais comandantes-gerais das
Forças Armadas desistiram de antecipar a saída do cargo nos próximos dias e vão transmitir os comandos em cerimônias separadas a partir de janeiro de 2023, após a posse do presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mudança no panorama ocorreu depois de articulação direta do futuro ministro da Defesa,
José Múcio Monteiro.
Como mostrou o Estadão, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica indicaram nos bastidores da caserna o desejo de deixar a função antes da hora e chegaram a avisar os superiores - o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas o cenário mudou.
Logo depois de apresentado oficialmente por Lula, Múcio disse que iria procurar os comandantes para explicar seus motivos, ouvi-los e pedir que permanecessem até a posse do petista. Ele afirmou que se engajaria pessoalmente na articulação e que a transição deveria ocorrer dentro das tradições. Depois, foi ao encontro do atual ministro da Defesa para levar o pedido.
Risco
A desarticulação da mudança antecipada foi provocada por causa do risco de isolamento na Força Aérea. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, desmarcou a passagem de comando que já organizava em Brasília para o dia 23 de dezembro. Ele havia inclusive feito convites pessoais a oficiais amigos. A cerimônia foi reagendada para 2 de janeiro.
Baptista Júnior era o único com data fechada para transmitir o comando ao brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, seu sucessor. No fim de semana, ele publicou uma foto de ambos juntos nas redes sociais. Disse que a Força Aérea Brasileira terá como comandante "um líder nato, profundo conhecedor de todos os assuntos e com visão gerencial apurada". "Minha torcida e apoio serão permanentes", escreveu Baptista Júnior.
Nesta semana, Múcio almoçou com os brigadeiros Baptista Junior e Damasceno. Baptista Junior explicou que havia planejado passar o comando no dia 23 de dezembro com o objetivo de facilitar a transição sem qualquer intenção de causar constrangimento ao novo governo. Os três, então, decidiram que a melhor data seria mesmo no dia 2 de janeiro.