O inquérito sobre as joias sauditas recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e retidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, vai passar a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ministério Público Federal no Estado pediu a transferência da investigação na sexta-feira passada, quando a Polícia Federal fez buscas em endereços ligados a auxiliares do ex-presidente na Operação Lucas 12:2. A ação da PF trouxe a público suspeitas sobre um esquema de desvio e venda de presentes diplomáticos no governo Bolsonaro.
O MPF alegou que a apreensão das joias doadas pelo regime saudita ao ex-presidente tem conexão com a investigação mais ampla a cargo da PF em Brasília. O pedido foi aceito ontem pela Justiça Federal em Guarulhos, que determinou a transferência dos autos. A expectativa é de que os inquéritos tramitem em conjunto no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
DEPOIMENTOS
A investigação nascida em São Paulo está mais avançada. A PF já ouviu o próprio Bolsonaro, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque - que liderou a comitiva que tentou entrar com as joias no Brasil sem declará-las à Receita Federal - e o tenente-coronel Mauro Cid, que atuou para liberar os presentes retidos.
A investigação de Brasília, por sua vez, é considerada de maior potencial explosivo. A PF já pediu a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Bolsonaro. Até a noite de ontem, Moraes não havia anunciado a deliberação sobre a medida.