O ministro da Defesa José Múcio agradeceu o elogio que recebeu do presidente Lula, na última quarta (28), durante evento de comemoração do aniversário de 25 anos da pasta, em Brasília. O mandatário afirmou que ele seria o "mais hábil de todos os ministros da Defesa".
"Haverá o dia em que a história brasileira haverá de consagrar a sua passagem pelo Ministério da Defesa como possivelmente o mais hábil de todos os ministros da Defesa que esse país já teve", disse Lula, se dirigindo a Múcio, no discurso.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (29), Múcio iniciou o agradecimento comentando o papel dos militares no golpe militar de 1964, chamado por ele de 'revolução de 64'. Em seguida, ele se dirigiu especificamente à fala de Lula.
"A relação das Forças Armadas com a classe politica, com a imprensa, com o governo, é uma relação de permanente embate. Nós ainda temos na história das Forças, resquícios de ressentimento da revolução de 64. Nós devemos a revolução de 64 verdadeiramente às Forças Armadas. Mas também devemos às Forças Armadas nós não termos tido um golpe em 2023", disse Múcio, se referindo aos atos de 8 de janeiro.
"Agradeço muito ao presidente porque sou um homem velho, vivido, e nessa minha última trancha da vida ele me deu a chance de conhecer o trabalho desses homens que pouca gente conhece. Porque o político anuncia quando vai fazer uma coisa, quando está fazendo, quando fez e passa a vida dizendo que fez. O militar recebe uma missão, cumpre e não diz a ninguém. Para ele, a satisfação é plena quando a ordem está cumprida e a missão está terminada", completou o ministro.
Assista à declaração
Missão cumprida
Em outro momento da entrevista, Múcio respondeu que sua missão como ministro da Defesa foi cumprida, mas que ainda há muito trabalho a fazer. Ele também revelou que só aceitou o cargo após insistência de Lula.
"O que eu vim fazer, foi feito. Quando o presidente me chamou, relutei muito, não queria vir. Vou fazer 76 anos e queria me dedicar à família, ao monte de netos que tenho, sempre me dediquei à vida pública. Mas o presidente insistiu e realmente havia um foco de um problema. Para a missão que ele me trouxe, acho que nós cumprimos a missão", disse Múcio.
"Mas vão surgir novos desafios, aí vem a questão [do alistamento] das mulheres, da carreira civil no ministério da Defesa, que é uma coisa que se luta há muitos e muitos anos", acrescentou.
O ministro também falou da necessidade de investimentos em equipamentos bélicos para o país.
"O equipamento de defesa do Brasil é muito precário. Do tamanho da nossa grandeza, da nossa riqueza, nós precisamos de uma Força forte. Não para invadir nem provocar ninguém, é para dizer 'não, isso aqui é nosso, daqui você não passa'. Precisamos ter portas fortes com fechaduras fortes para fizer 'isso aqui pertence ao povo brasileiro'", finalizou José Múcio.