O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em entrevista coletiva virtual, na tarde desta quinta-feira (16), realizada no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, voltou a destacar que as suposições de possíveis tratamentos preventivos contra o novo coronavírus (covid-19) só incentivam a automedicação. Para o chefe da pasta no Estado, tais suposições "têm sido uma festa para as farmácias".
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"Quando se anuncia isso (possíveis remédios contra a covid-19), todo mundo corre para as farmácias para uma compra indiscriminada de medicamentos e acaba estimulando a automedicação", afirmou André, que completou informando que "não há comprovação de nada (medicamento) que seja eficaz na prevenção".
Participaram da coletiva o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia; e Luciana Albuquerque, secretária executiva de vigilância à saúde. Jailson lembrou que dezenas de tratamentos funcionam bem em um tubo de ensaio, nos laboratórios, mas "daqui que se possa ter a sequência dos estudos que mostrem que funcionam em animais de laboratórios ou até que em humanos, é um caminho enorme". "Não há justificativa para nenhuma de automedicação, principalmente, na ilusão de que eles possam ser preventivos", indicou.
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O secretário do Recife completou com uma recomendação às pessoas que têm o costume de se automedicar: "o que previne a infecção pelo vírus é isolamento social, lavagem das mãos e medidas da chamada etiqueta respiratória".
André Longo informou que após pouco mais de 30 dias do primeiro caso da covid-19 ser registrado em Pernambuco, o Estado já conseguiu colocar 256 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) à disposição do Sistema de Saúde.
"Se nós pegarmos os quatro últimos hospitais que foram abertos no Estado de pernambuco: Hospital Miguel Arraes, Hospital Dom Hélder, Hospital Pelópidas e Hospital Mestre Vitalino, os quatro juntos têm 130 leitos de UTI", comparou.
Os secretários também comentaram sobre a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após ser demitido, na tarde de hoje, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ambos lamentaram a saída de Mandetta do comando da pasta. "Perdemos gente muito qualificada tecnicamente, esperamos que a linha técnica seja mantida, essa é a maior preocupação nossa, de Pernambuco", disse André.
O secretário estadual ainda acrescentou que o momento exige uma união nacional e que é muito complicado que pessoas do mesmo poder (Executivo) possam fazer dois tipos de discursos para a população. Para Longo, isso foi "certamente um dos motivos que gerou essa instabilidade no Ministério da Saúde (MS). É preciso adotar uma linha e a gente espera que essa linha seja técnica, para que a gente não brinque com a vida das pessoas", finalizou o médico.
Jailson Correia destacou que "não se admite amadorismo em um momento que o mundo inteiro está enfrentando o maior desafio da nossa era" e que o MS vinha conduzindo com imensa responsabilidade as ações em todo o país.