A atual gestão do Sport, que tem Leonardo Lopes como presidente e Yuri Romão como vice, tomou posse no último 23 de julho. São pouco mais de 15 dias desde a posse oficial, mas vários desafios nesse período. Em entrevista exclusiva ao repórter Antônio Gabriel, da Rádio Jornal, Yuri Romão afirmou que a situação financeira encontrada pelo grupo foi pior do que o esperado. Apesar disso, no entanto, a política da atual gestão, de acordo com o vice-presidente, é de 'olhar para frente, sem apontar culpados'.
Como Yuri Romão já disse em outras entrevistas, o Sport tem um déficit mensal de R$ 1 milhão e 585 mil reais por mês. Esse valor, aliás, foi equacionado nas últimas semanas, tendo em vista que houve redução na folha salarial do elenco. Além disso, a direção leonina segue na busca por novos patrocinadores, sejam pontuais ou por um prazo maior, na tentativa de ter mais receitas. O discurso na Ilha do Retiro é de que 'qualquer real importa'.
Na última sexta-feira, o clube quitou a folha salarial de julho com os funcionários, mas ainda mantém atraso de dois meses da atual temporada e três de 2018. Com relação ao elenco, a expectativa é de que seja paga uma parte da folha nesta terça-feira (10), segundo informou o vice-presidente Yuri Romão. Outra questão abordada pelo dirigente na entrevista foi sobre uma auditoria, que de acordo com ele será feita para apresentar a melhor solução para o clube, e não com 'intuito político'.
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Com relação ao débito estratosférico na Câmara Nacional de Resolução e Disputas (CNRD), que gira em torno de R$ 20 milhões, Yuri Romão afirmou que o Departamento Jurídico do clube busca a melhor forma de tentar equacionar e o Sport começar a pagar mais na frente. Confira, abaixo, o balanço completo feito pelo vice-presidente do Leão sobre a questão financeira, a busca por novas receitas e também planejamento para evoluir as finanças do Rubro-Negro.
Dívidas
Todas as dívidas preocupam, independente com quem seja. Tem uma dívida que não só me preocupa, como também me deixa triste, que é o débito com os funcionários do clube. É uma questão de respeito com aquela pessoa que saiu de casa para trabalhar. Esse débito tem dois viés: nos preocupa por conta do montante e também pela questão social, da solidariedade, que a gente quer sanar o mais breve possível. Essa questão da CNRD é um débito estratosférico, onde o jurídico está vendo a melhor forma de equacionar e a gente começar a pagar mais na frente.
E os débitos com os fornecedores também, que a gente vai na mesma linha dos funcionários, tem o respeito ao fornecedor do clube, aquela pessoa ou empresa que nos prestou serviço e a gente precisa pagar. Os débitos são grandes e antigos.
Auditoria
Nós vamos fazer uma auditoria e já estamos trabalhando nesta auditoria, mas não com o intuito político. O intuito é saber onde estão os problemas e a gente atacá-los de maneira ordenada e assertiva. A auditoria vai nos dar a segurança de que estamos enxergando todos os débitos, todo o quadro econômico-financeiro do clube. E também vai nos propiciar uma tomada de decisão, uma formatação de um plano de ação para sanar os problemas do clube. A auditoria não será usada politicamente, como se fazia no passado, para apontar o dedo para A, B ou C. Nós não queremos polemizar com nenhum dirigente anterior, queremos a solução do Sport.
Patrocínios
Tem um que é para finalizar a temporada e outro que a gente está negociando, não está fechado ainda, a proposta que está na nossa mesa para análise é de três anos. Não seria o Master, mas barra de camisa. Hoje qualquer real é importante para nós. Tive uma reunião hoje à tarde com uma pessoa que se prontificou a analisar uma proposta nossa (sobre o Master). E até a próxima semana tenho uma nova reunião de um Master também para fazer a proposta, inclusive a apresentação já está pronta.
Salários atrasados
(Os funcionários têm) três folhas atrasadas de 2018. Nós pagamos a folha do mês passado, não diminuímos o débito. Começamos a honrar o que é devido a eles do mês. O que é devido do passado, vamos tentar encontrar uma solução. Gostaria muito de tentar solucionar 100% desses débitos até o último dia do ano.
A gente deve pagar amanhã uma parte da folha do (futebol). Devo sentar com Nelo e a gente definir como vamos pagar isso amanhã. Nelo Campos, Gabriel Campos, Augusto Moreira e Guilherme Falcão estão tratando diretamente com os atletas sobre o formato (a ideia deve seguir o mesmo modelo dos funcionários, de tentar manter em dia a partir de agora e quitar os atrasados até o fim do ano).
Receitas
Sport tem o contrato da Globo, que é 80% da receita. A gente recebe R$ 3,6 da Globo todo mês, mas a 12ª vara retém R$ 721 mil e ficamos com R$ 2,8 milhões. Mas a nossa despesa é de R$ 4,4 milhões. Temos 5 mil sócios pagando em dia, é muito pouco. Infelizmente parte da receita já é retida porque teve adiantamento na futebolcard, que é a empresa que faz essa gestão.
Planejamento para melhorar as finanças
A gente não pode gastar mais do que recebe. Temos um contrato com a Globo, que é 80% da receita do clube. Esse contrato serve como lastro para pagamentos de débitos trabalhistas na 12ª vara. E o que sobra a gente paga a folha do futebol. Para pagar a folha do administrativo e as despesas do clube, a gente precisa de receita de sócios, patrocínio, venda de ingressos, porque hoje a gente não tem a venda do ingresso físico, mas tem do virtual, que tem salvado a semana do clube. Do ponto de vista do planejamento, a gente tem que ter receitas recorrentes que possa nos dar tranquilidade para planejar o futuro.
O que são receitas recorrentes? São receitas que possam melhorar os patrocínios, tendo uma relação transparente com os fornecedores e patrocinadores. Nenhum patrocinador quer ter seu nome numa camisa em que o clube está em crise, isso é lógico. A gente acalmou o clube, mostrou a eles gostaríamos de trabalhar e como a gente pode trabalhar. Trouxemos uma credibilidade. A gente já ouviu de alguns atletas e funcionários que a credibilidade está trazendo tranquilidade para eles. Isso faz com que até os patrocínios possam chegar junto da gente, que a gente possa negociar com esses patrocinadores, e ter uma imprevisibilidade de receitas, podendo até assumir mais riscos e responsabilidades de pagamentos de débitos anteriores.