É estarrecedor o que está acontecendo no Náutico. O caso de denúncia de assédio sexual da ex-funcionária do clube, Tatiana Roma, é triste, revoltante. E absurdo como a atual diretoria está tratando a situação.
>> Ex-diretora do Náutico acusa funcionário do clube de importunação sexual
Na entrevista que o presidente do Náutico, Edno Melo concedeu ao programa Bola Rolando, na noite da terça, foi reveladora. Ele admitiu que houve um acordo. Ora, se houve acordo, houve o assédio. Não importa de quem partiu. Se assinaram algum documento para pagamento de cestas básicas, a diretoria reconhece o crime.
Entendo que Tatiana, no primeiro passo, agiu certo: tentou resolver a situação internamente. Evitar uma exposição de algo constrangedor. Nenhuma mulher expõe algo assim de imediato quando são vítimas de assédio. Tanto que, após a denúncia de Tatiana, outras mulheres ganharam força para revelar outro tipo de assédio, no Globo Esporte.
O Náutico, no entanto, mantém o pé em dizer que a denúncia de Tatiana não passa de um factoide político. Edno Melo acusou o candidato da oposição, Bruno Becker, de estar por trás dessa denúncia. Na noite desta quarta-feira, o advogado José Augusto, também em entrevista ao programa Bola Rolando, reforçou a ideia de que tudo não passa de cena política, já que o clube está às vésperas da sua eleição. Desqualifica a denúncia de Tatiana e de outras mulheres, dizendo que quem acusa deve aparecer,
mostrar a cara. Sinceramente, cada declaração que só piora a gestão no Náutico. O caso do suposto assédio sexual é colocado em terceiro plano. O que importa é a eleição.
Para completar, depois de tantas argumentos de que a denúncia da ex-funcionária nada mais é que um ato político, o Náutico anunciou, na tarde da quarta-feira, a contratação a Women Friendly, empresa especializada em treinamentos, canais de apoio e consultoria para prevenir e combater o assédio ou qualquer outra importunação sofrida por mulheres em organizações e entidades.
Hora bem oportuna, não?