Publicado em 24/01/2021 às 10:20
| Atualizado em 24/01/2021 às 10:20
A Fiocruz prevê receber a matéria-prima para a produção da vacina de Oxford no Brasil "por volta do dia 8 de fevereiro", segundo a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima. A previsão inicial era de que os insumos, vindos da China, chegassem ainda em janeiro. Com isso, a Fiocruz já negocia a importação de um 2º lote do imunizante, enquanto a fabricação nacional não começa. Na sexta-feira, 22, chegaram dois milhões de doses compradas da Índia, já encaminhadas aos Estados. A restrição na quantidade de vacinas desafia a campanha de imunização no Brasil, que pode parar diante da demora na chegada dos insumos.
Nísia, no entanto, afirmou que não há atraso no contrato firmado com a AstraZeneca. Também negou que a atuação da equipe diplomática do governo federal tenha prejudicado a entrega. Ao longo da semana, a gestão Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foram alvo de críticas pela dificuldade em negociar com os países asiáticos a liberação dos produtos. No caso da Índia, a busca das vacinas atrasou uma semana. Em relação à China, especialistas afirmam que declarações de Araújo e do presidente - como colocar em dúvida a eficácia da Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan - causam mal-estar. O governo vem isolando Araújo das negociações com Pequim.
A nova compra no exterior, porém, ainda está em negociação. Não há data nem quantidade definidas. Na semana passada, a farmacêutica AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford no desenvolvimento do imunizante, informou à União Europeia que entregaria menos remessas do que o previsto inicialmente, por causa de problemas de produção.
Segundo Nísia, o IFA não poderá ser entregue ainda este mês por causa de um parecer do laboratório chinês. O documento indicou alto risco biológico na produção do insumo, mas ela diz que já está "superado" o problema. "A chegada do IFA está nos consumindo", admitiu.
Ao Ministério Público Federal (MPF) esta semana, o Instituto Biomanguinhos, que integra a Fiocruz, informou que o primeiro lote do IFA tinha chegada prevista para 23 de janeiro, mas a confirmação ainda estava pendente. Neste mesmo documento ao MPF, o órgão indica adiamento de fevereiro para março da entrega das primeiras doses produzidas no Brasil ao Ministério da Saúde.
Além do tempo de produção do imunizante a partir do IFA, justificou a Fiocruz ao MPF esta semana, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias.
Está prevista a compra do IFA chinês em dois lotes, com intervalo de duas semanas entre eles. Cada um trará produto suficiente para produzir 7,5 milhões de doses - ao todo, 15 milhões. A produção, porém, pode ser acelerada. A capacidade da Fiocruz de produzir vacinas é maior do que a quantidade a ser importada.
Em março, a Fiocruz produzirá as primeiras doses, ainda com insumo importado. A partir de abril, começará a produzir o IFA. A previsão é fabricar 100,4 milhões de doses até julho. No fim do ano, devem ser produzidos mais 110 milhões.
Distribuição
No início da madrugada deste sábado, 23, as vacinas passaram por conferência e avaliação de temperatura em Bio-Manguinhos. Os servidores do órgão verificaram se as doses estavam em perfeitas condições após a viagem. Pela manhã, foi iniciado o processo de etiquetagem de quatro mil caixas - cada uma tem 50 frascos e 500 doses.
Caminhões com os imunizantes deixaram a sede da fundação, para serem levados aos Estados. O Amazonas, que passa por um colapso no seu sistema de saúde por causa do avanço da pandemia, terá prioridade e ficará com 5% do total das doses (132,5 mil). São Paulo receberá 501,9 mil doses.
Em evento neste sábado, alguns cientistas da Fiocruz receberam as primeiras doses da vacina de Oxford no País. O infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Estevão Portela, foi o primeiro a receber a vacina, junto com a médica pneumologista da Fiocruz, Margareth Dalcolmo. Ambos têm atuado na linha de frente da assistência a pacientes da covid-19 desde o início da pandemia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
“Na segunda-feira, vamos, juntamente com o Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação contra a COVID-19 e com a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), fazer o monitoramento da distribuição e a pactuação com os municípios do uso das doses da nova vacina. É mais um passo importante nessa nova fase de enfrentamento ao coronavírus”, destacou o governador Paulo Câmara.
As doses foram levadas para a central de armazenamento de vacinas da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), onde foram recebidas pela superintendente de Imunização do Estado, Ana Catarina de Melo. “Esse quantitativo, vai ajudar o Estado a acelerar o processo de imunização dos trabalhadores da saúde”, enfatizou Ana Catarina.
As 270 mil doses da CoronaVac, desenvolvidas em parceria com o Instituto Butantan, chegaram ao Estado na última segunda-feira (18) e foram disponibilizadas em 18 horas a todos os 184 municípios pernambucanos, além do Arquipélago de Fernando de Noronha. As gestões municipais receberam de forma equânime quantitativo suficiente para as duas doses da vacina, que, no caso da CoronaVac, devem ser administradas em um período de 14 a 28 dias entre a primeira e a segunda. O Ministério da Saúde estabeleceu que a prioridade dessa remessa da CoronaVac deveria ser os idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência assistidos em instituições de longa permanência, indígenas aldeados e trabalhadores da saúde envolvidos no atendimento aos pacientes com o novo coronavírus.
Até a última sexta-feira (22/01), 34.336 pessoas que fazem parte do público prioritário da primeira fase foram imunizadas contra a Covid-19 em Pernambuco. Deste total, 28.712 eram trabalhadores da saúde (sendo 5.298 profissionais que atuam nos hospitais do Governo de Pernambuco); 3.265, indígenas; 2.278, idosos institucionalizados; e 81 pertencem ao grupo de pessoas com deficiência institucionalizadas.
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