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O Brasil se tornou o epicentro da pandemia, com mais de 13 milhões de casos de covid-19 até a noite desta terça-feira, 6. O enfrentamento da pandemia foi um desafio em todos os países, diz o informe, mas o surto no Brasil foi exacerbado pelas constantes tensões entre autoridades federais e estaduais. Faltaram um plano de ação claro e baseado nas melhores informações científicas disponíveis e transparência nas políticas públicas, diz o relatório.
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O impacto foi ainda maior nas comunidades mais empobrecidas e historicamente discriminadas, aponta o informe. São negros, povos indígenas, comunidades quilombolas, populações tradicionais, moradores de favelas e periferias, mulheres, LGBTQIs, migrantes e refugiados, pessoas em situação de rua e em privação de liberdade, idosos, trabalhadores informais.
"A lentidão e a recusa do presidente Jair Bolsonaro em cumprir seu dever de liderar as ações capazes de mitigar os impactos da pandemia e proteger a saúde de brasileiras e brasileiros e a falta de coordenação nacional no enfrentamento da covid-19 levaram o País ao triste índice de milhares de vidas perdidas", afirmou a diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck. "Desde o início da pandemia temos insistido que mortes evitáveis têm culpas atribuíveis."
Feminicídios
"Existe uma pandemia dentro da crise da covid-19, chamada violência de gênero", afirmou Jurema Werneck. "Há 14 anos o Brasil possui a Lei Maria da Penha que prevê a proteção das mulheres, mas ainda convive com números elevados de agressões e mortes. Exigimos o cumprimento integral desta lei e seus mecanismos e a criação de outras medidas para garantir o direito básico das mulheres à vida. As autoridades brasileiras precisam agir urgentemente."
De forma geral, as mortes provocadas pela polícia aumentaram 7,1%, em relação a 2019. Foram 17 óbitos por dia. Pelo menos 3 181 pessoas - 79% das quais negras - foram mortas por policiais entre janeiro e junho.
Liberdade de expressão
"A Anistia Internacional acompanha com preocupação os ataques constantes do presidente Jair Bolsonaro e demais membros do seu governo a jornalistas e parte da sociedade civil organizada", afirmou Jurema Werneck. "Estas atitudes são graves flagrantes de violações de parâmetros internacionais de direitos humanos. Tanto a sociedade civil organizada quanto a imprensa têm papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa."