Com o Brasil enfrentando uma nova alta de casos de covid-19, muitas pessoas começam a se perguntar se o uso de máscaras vai voltar a ser obrigatório — um item de proteção contra a doença que já havia sido deixado de lado por boa parte da população, principalmente em ambientes abertos.
Em Pernambuco, a retirada da obrigatoriedade ocorreu em abril, exceto nos transportes coletivos, escolas e unidades de saúde, devido à diminuição no número de casos e de mortes. No entanto, Estado voltou a registrar mais de mil casos de covid-19 em 24 horas, interrompendo uma sequência de quase 50 dias consecutivos com confirmações abaixo de mil.
Ainda não há indicativo de que o acessório volte a ser obrigatório em Pernambuco. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), no entanto, recomenda a utilização dele em ambientes fechados, especialmente por pessoas com sintomas gripais, mesmo que leves, pacientes imunossuprimidos e idosos. Ainda, estimula a vacinação completa, com a quantidade de doses disponível para a idade.
Mesmo assim, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por exemplo, voltou a exigir o item para entrada e permanência em seus prédios desde 6 de junho. Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o uso foi retomado em ambientes fechados nesta terça-feira (14). Na cidade de São Paulo, instituições públicas voltaram a exigi-lo nessa semana.
Em artigo publicado neste JC nessa segunda-feira (13), o professor titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação Antônio Carlos Sobral Sousa defendeu que as máscaras foram deixadas de lado "muito cedo", além do retorno da obrigatoriedade delas.
"Uma percentagem significativa de partículas infecciosas exalada por uma pessoa doente fica retida na máscara, diminuindo a propagação viral. Portanto, quanto maior a quantidade de “mascarados”, mais seguro se torna", escreveu.
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Os sintomas da covid-19 continuam graves?
Diferentemente do pacientes atendidos nas primeira e segunda onda de covid-19 (2020 e 2021), quem agora é infectado pelo coronavírus apresenta sintomas no trato respiratório superior (nariz, faringe, laringe ou traqueia).
Os sintomas incluem coriza, tosse seca e congestão nasal. "É algo como se fosse uma rinite. Isso complica bastante o diagnóstico daquele paciente com rinite que, de vez em quando, tem uma exacerbação. Então, ele está tossindo mais e nariz entupido. Para ele, aquilo é normal, mas pode ser uma infecção", explica o pneumologista Isaac Secundo, do Real Hospital Português (RHP).
Esse ponto mencionado pelo médico também nos faz considerar que, em meio a um aumento de pessoas com sintomas respiratórios e à estagnação da vacinação contra covid (especialmente em relação à terceira dose), há quem erroneamente opte por não fazer o teste, mesmo com quadro gripal leve. Infelizmente a falsa sensação de que a pandemia acabou tem contribuído para comportamentos desse tipo.
"Mas não vemos tanta exuberância daqueles casos de pulmão ruim. É difícil pegar uma tomografia (de paciente com covid) e ver um comprometimento pulmonar severo. Lógico que há aqueles pacientes que precisam de antibiótico e internamento, mas isso não é o mais comum mais", esclarece Isaac.
O pneumologista destaca que os casos de agravamento são de pessoas ainda não imunizadas e daquelas que estão com esquema vacinal incompleto. "É aquele que tomou duas doses e, quando deveria tomar a terceira, perdeu a data, viajou... Hoje é muito difícil ver uma pessoa tomar as doses recomendadas e agravar", acrescenta.