DESPEDIDA

Corpo do indigenista Bruno Pereira chega ao Recife nesta quinta-feira

O enterro do indigenista recifense assassinado na Amazônia ocorrerá em Paulista, no Grande Recife

Cadastrado por

Amanda Azevedo

Publicado em 23/06/2022 às 0:15 | Atualizado em 23/06/2022 às 7:56
Os corpos de Bruno e Dom passaram por perícia em Brasília - SERGIO LIMA / AFP

Com Estadão Conteúdo 

Após a conclusão da perícia no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, o corpo do indigenista recifense Bruno Pereira deve chegar à capital pernambucana em um avião da Polícia Federal (PF) na tarde desta quinta-feira (23)

O sepultamento de Bruno ocorrerá no cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, nesta sexta (24), com a presença de indígenas de tribos pernambucanas. O velório está marcado para as 9h

O corpo do jornalista britânico Dom Phillips, assassinado juntamente com Bruno no dia 5 de junho, na região do Vale do Javari, no Amazonas, também será entregue à família nesta quinta.

Os restos mortais de Bruno e Dom ficaram seis dias em Brasília. As perícias foram concluídas nesta quarta (22), em prazo bem mais curto que o padrão para procedimentos semelhantes. Geralmente, os testes duram entre 30 e 60 dias.

Investigação do assassinato de Bruno e Dom

Os peritos fizeram exames de DNA, impressão digital e antropologia forense - método que analisa características físicas, como estrutura óssea.

A PF reiterou que todos os testes realizados confirmaram a identidade de Bruno e de Dom. Em nota, a corporação também confirmou que não há restos mortais de outra pessoa.

"Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuarão nos próximos dias concentrados na análise de vestígios diversos do caso", diz o comunicado.

Os peritos também concluíram que eles foram assassinados a tiros: Bruno foi baleado três vezes, na cabeça e no tórax, e Dom uma vez, no peito.

Até o momento, os investigadores identificaram oito suspeitos de envolvimento nos assassinatos. Três deles estão presos temporariamente: Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados, a cerca de três quilômetros da margem do rio Itaguaí; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido Pelado da Dinha, que se entregou na Delegacia de Atalaia do Norte. 

O trabalho de investigação continua em duas frentes. No Amazonas, o comitê de crise criado para encontrar Bruno e Dom continua em busca de elementos que possam ajudar a esclarecer a dinâmica do crime.

O próximo passo é a análise da embarcação usada pelo indigenista e pelo repórter quando eles foram assassinados. O barco, afundado pelos criminosos, foi encontrado na noite do último domingo, 19 de junho. Em Brasília, os peritos examinam as provas colhidas a partir dos exames nos restos mortais.

A última viagem de Bruno e Dom

A última viagem de Bruno, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), pela Amazônia começou pelo Alto Curuçá, no Acre, em 21 de maio, a bordo de um outro barco, o dos marubos da aldeia Maronal. Ele vinha orientando membros dessa etnia, moradores da floresta, sobre como fazer as "picadas" - a "limpeza" dos limites da terra indígena.

O barco no qual morreu foi assumido por Bruno em Atalaia numa sexta-feira, 3 de junho, no dia seguinte ao fim da primeira perna da viagem. No porto da cidade que dá acesso ao Vale do Javari, localizada às margens do rio de mesmo nome na fronteira com o Peru, Dom Phillips subiu a bordo para uma nova bateria de entrevistas com indígenas para o livro que vinha produzindo e para conhecer a equipe de vigilância indígena criada por Bruno.

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