CONFRONTO

Ação da PM contra indígenas deixa ao menos nove feridos no Mato Grosso do Sul. Comunidade fala em dois mortos

A população local afirma que há, pelo menos, dois mortos, mas a Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública não confirma

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 25/06/2022 às 14:10
O clima de tensão no local durou toda a tarde desta sexta em uma fazenda que a comunidade afirma estar dentro de uma área da Reserva Amambai - CORTESIA
Com informações da Estadão Conteúdo
Uma ação da Polícia Militar contra indígenas Guarani Kaiwó deixou nove feridos na manhã dessa sexta-feira (24) em Amambai, Mato Grosso do Sul. A população local afirma que há, pelo menos, dois mortos, mas a Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública não confirma. Imagens de indígenas feridos a bala, dois jovens entre eles, circularam pelas redes sociais de entidades de defesa dos direitos das populações indígenas durante o dia.
 
O clima de tensão no local durou toda a tarde desta sexta em uma fazenda que a comunidade Guarani Kaiwó afirma estar dentro de uma área da Reserva Amambai. Trata-se de um território indígena reconhecido pelo governo federal, onde vivem cerca de 8 mil pessoas em uma área de 2 mil hectares.
 
De acordo com o secretário da Segurança, Antonio Carlos Videira, indígenas que trabalhariam em "roças de maconha" no Paraguai teriam se infiltrado na aldeia para disputar a liderança e elevado a tensão entre os Guarani Kaiwó brasileiros.
Durante a ação de reintegração de posse, um helicóptero da Polícia Militar sobrevoou a fazenda em voos rasantes. De acordo com a população indígena, disparos partiram da aeronave. A secretaria estadual, por sua vez, divulgou imagens de marcas de bala na fuselagem do helicóptero que teriam sido disparadas pelos indígenas.
 
Há mais de uma semana, os Guaranis -Kaiowá permaneciam do lado de fora da fazenda. A manifestação ganhou força com os protestos contra o projeto de Marco Temporal que prevê a restrição de demarcações de terras indígenas apenas aos locais que eram ocupados pelas comunidades quando da promulgação da Constituição, em 1988.

O conflito em Amambai começou com a entrada dos indígenas em uma área da fazenda. Policiais militares já haviam sido enviados à cidade para acompanhar os protestos e tentaram retirar os Guaranis-Kaiowá. De acordo com lideranças indígenas, ao menos dois adolescentes, de 14 e 15 anos, estão entre os feridos enviados ao hospital local.
"Hoje de manhã quando a tropa de choque chegou lá, três policiais foram atingidos, na perna, no braço, estavam com equipamento de proteção, então não foram lesões graves", afirma o secretário. Até o momento temos seis pessoas que foram atingidas, não sabemos se todos indígenas ou indígenas paraguaios, foram atendidos no hospital de Amambai, dois foram removidos para Ponta Porã", diz o chefe da pasta.
 
O confronto e o aumento da tensão em Mato Grosso do Sul acontece uma semana após a confirmação da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, na floresta amazônica. Na quinta-feira, 23, trabalhadores da Fundação Nacional do Índio (Funai) fizeram uma paralisação nacional em protesto pelas mortes. Eles também cobram segurança para atuar em áreas isoladas e pedem a demissão do atual presidente da Funai, Marcelo Xavier.
 
Em Brasília, indigenistas, outros servidores e indígenas que os apoiam protestaram em frente à sede da fundação. Funcionários da Funai da capital federal já estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

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