"Eu quero nadar no Capibaribe". É esse desejo, quase improvável de ser vivido no Recife, que mobiliza centenas de pessoas por um causa: conscientizar a população e, assim, tentar salvar um dos rios mais importantes da cidade. O método foi juntar várias iniciativas, ligadas à arte, lazer e educação, criando o projeto Praias do Capibaribe, que estimula o convívio mais aproximado entre o ser humano e a natureza. No início, a ação atraía uma média de público de 300 pessoas, mas chegou a mil na última edição.
Tudo começou em 2008, quando foi criado o Eu quero nadar no Capibaribe - uma coletânea de 36 vídeos, onde recifenses mostram como contribuem, com pequenos gestos cotidianos, para salvar o planeta. "Tem uma mulher que junta o óleo já usado e faz sabão, porque sabe que se jogar no ralo, vai poluir o rio, entre outros exemplos. São personagens verdadeiros", explicou a coordenadora do projeto Bruna Pedrosa. Todos os vídeos são chamados de cápsulas verdes e foram gravados em duas temporadas. Na festa de lançamento da segunda, em 2011, nasceu a Prainha, como é carinhosamente chamada. "Foi no La Greca, no Parnamirim. Foi aí que decidimos levar a iniciativa para outras margens do Capibaribe."
A segunda edição, ainda em 2011, foi a Praia do Derby, no jardim do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-PE), como encerramento de um workshop de arquitetura. A terceira, foi a Praia da Aurora, no Aurora Eco Fashion. "Para padronizar, batizamos de Praias do Capibaribe e tornamos o evento mensal", lembra Bruna. Todo último domingo do mês é voltado para a iniciativa, exceto quando coincide com feriados comemorativos, como Ano Novo e Carnaval.Geralmente, o evento reúne cerca de 300 pessoas. Na última edição, que aconteceu no dia 2, no quintal da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), mil pessoas participaram.
“Tivemos o apoio de um workshop, realizado através de uma parceria da Fundaj com o projeto Parque Capibaribe, da Prefeitura do Recife e UFPE. Lá, foram criados os mobiliários.” Após 15 dias de debates sobre como aproveitar o espaço público para o bem comum, voluntários construíram um píer, piscinas fixas e flutuantes, entre outros objetos. Arquitetos franceses e suíços, experientes por esse tipo de trabalho em seus países, ministraram as aulas.
“Não ganhamos e nem gastamos dinheiro. Vendemos produtos para manter o projeto, que tem bandas de música e projeção das cápsulas verdes.” A água das piscinas, claro, não vem do rio. “Elas ficam no nível da água, para que a pessoa tenha a sensação de estar no rio e pense que isso pode ser possível, se ajudarmos.” Bruna espera que o projeto seja copiado. “Apesar de sermos os criadores, queremos que se repita, para que o rio seja salvo e usufruído por todos.” A estudante de arquitetura, Rebecca Dantas, de 20 anos, participou pela primeira vez do projeto. “Esta e tantas outras ações são a prova de que juntos podemos mudar a realidade física e utilitária do espaço público. Sabemos a importância que o Rio Capibaribe tem, só não damos o real valor. Experiência incrível.”
Para ver as cápsulas verdes e outras informações sobre as Praias do Capibaribe, é só acessar o site capibaribe.info.
Leia matéria completa no caderno de Cidades, do Jornal do Commercio desta quarta-feira (11).