Diretor regional metropolitano da Compesa, Fernando Lôbo considera a água subterrânea uma reserva estratégica. E preciosa. Por isso, diz ele, a companhia só perfura poços quando não consegue atender a população com água de barragens (manancial de superfície). “Em 1999 houve uma carência grande de oferta de água e a população buscou soluções individuais, abrindo poços”, recorda Fernando Lôbo, ao explicar a explosão de poços no Recife. O abastecimento voltou a ser normalizado com a inauguração do Sistema Pirapama (2010-2011), informa.
“Nos anos 90, o esquema de racionamento era um dia com água e cinco sem. Na corrida por poços, fizeram em Boa Viagem uma tábua de pirulitos”, compara Waldir Duarte, especialista em águas subterrâneas. O estudo elaborado em 2001 constatou que, de 1996 a 2000, houve rebaixamento de 40 metros (oito metros por ano) no nível de água em Boa Viagem; de 30 metros no Espinheiro, Aflitos, Torre e Madalena; e de 25 metros em Casa Forte e Casa Amarela, recorda o hidrogeólogo.
A Compesa mantém 130 poços em operação, no aquífero Beberibe, com capacidade para atender mais de 750 mil pessoas em parte do Recife (áreas Norte), Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Itapissuma (depende só de poço), Igarassu e Itamaracá (depende só de poço). “As perfurações devem ser feitas longe de fossas sépticas e de outros poços”, diz Robson Xavier, geólogo da companhia.
Robson e Waldir Duarte observam que, a rigor, não há poços artesianos no Recife, mas sim tubulares. Poço artesiano é aquele que a água sobe por pressão natural, sem necessidade de bombeamento. “Pode ser jorrante, quando a água passa da superfície do solo, ou semijorrante. Boa Viagem, na década de 40, tinha poço jorrante. O termo poço artesiano, hoje, é mal empregado na cidade”, comenta Waldir Duarte.
Analista de hidrologia da Apac, Thyego Roberto da Silva disse que os pedidos de perfuração de poços devem ser enviados à Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH), que repassa as solicitações para a Apac. É exigida a colocação de hidrômetro para a entidade controlar o volume de água captado dos poços. “A retirada do equipamento e o uso acima do limite estabelecido gera multa”, informa Thyego.
O Dia Mundial da Água foi criado pela Organização das Nações Unidas durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, e é celebrado desde 1993. Leia a programação comemorativa na edição do JC deste domingo.