Com localização privilegiada, no Centro do Recife, e frequentada diariamente por um público que varia entre 1.200 e 1.300 pessoas, a Biblioteca Pública Estadual comemora na próxima semana 162 anos. No atual prédio, situado ao lado do Parque 13 de Maio, em Santo Amaro, são quatro décadas. Com um acervo de 270 mil livros e 370 mil periódicos, o espaço precisa de expansão. Um prédio anexo, previsto para ser construído três anos atrás, com verba federal, ainda não saiu do papel. O recurso para a obra, R$ 1,1 milhão, repassado pela Fundação Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, corre o risco de ter que ser devolvido.
A não-adequação à legislação ambiental do Recife foi a justificativa da Secretaria Estadual de Educação para não ter edificado o anexo até o momento. O convênio foi assinado em 2009, a licitação ocorreu em 2010 e a previsão de início da obra era março de 2011. “Logo no início a prefeitura embargou o anexo. A biblioteca é um Imóvel de Proteção de Área Verde (Ipav) e tem uma série de restrições. Fizemos várias adequações ao projeto inicial que foi licitado, justamente para atender às exigências do município. Por isso será preciso uma nova licitação”, explica o secretário executivo de Gestão de Rede, João Charamba.
Inicialmente a Fundação Biblioteca Nacional não aceitou renovar o convênio, expirado no final do ano passado. A Secretaria de Educação pediu que o órgão reconsiderasse. Em março, encaminhou um relatório detalhando o que aconteceu. Agora aguarda resposta. “É uma situação singular. A burocracia com o município foi grande. Talvez tenha havido um erro nosso de estratégia. Deveríamos ter tomado decisões antes”, diz João Charamba.
“Se a Fundação não mantiver o convênio vamos usar recurso do tesouro estadual. O anexo será construído de todo jeito”, garante o secretário. No novo prédio estão previstos auditório, cafeteria, revistaria e sala de projeções, entre outros equipamentos. A ideia da diretora da biblioteca, Roberta Alcoforado, é transformar o novo espaço em local de acesso a informações e de encontros, troca de ideias e de divulgação cultural.
A Fundação Biblioteca Nacional também repassou outros R$ 1,3 milhão que foram investidos em melhorias na biblioteca: reforma dos banheiros, aquisição de mobiliário, equipamentos eletrônicos e de informática, ampliação do acervo e consultoria, entre outros. “Compramos uma câmara de desinfecção de fungos, mais uma impressora em braile, jogos educativos, projetores multimídia. Todos os espaços estão climatizados. Nossa biblioteca é uma das mais bem equipadas do País. O que falta é melhorar ainda mais a parte física”, diz Roberta.
O mezanino da biblioteca precisa de impermeabilização. O prédio sofre com muitas infiltrações. Tanto que o espaço destinado ao público infantil está fechado há mais de dois anos. Móveis, livros (o acervo é de 15 mil títulos) e brinquedos para a brinquedoteca estão guardados em caixas. Segundo João Charamba, a obra, no valor de R$ 855 mil, já foi licitada e deve começar em julho, com previsão de conclusão ainda este ano.
FESTA
Para celebrar o aniversário estão programadas várias atividades na próxima semana, com música, poesia e exposição de livros em braile. Destaque para o escambo de livros, terça e quarta-feira. “São mais de 150 títulos disponíveis para troca. É só trazer um livro em bom estado e trocar por outro”, afirma Roberta. Não são aceitas publicações religiosas, didáticas, dicionários, enciclopédias e livros técnicos. “Frequento a biblioteca todos os dias. Acho o espaço bom e o acervo também. Gostaria que abrisse nos fins de semana”, diz o estudante Bruno Batista.