Nervosismo, medo que aconteça o pior, incapacidade de relaxar e indigestão foram os sintomas mais relatados por jovens que participaram da pesquisa Ansiedade em vestibulandos: um estudo exploratório, publicado na Revista de Psiquiatria Clínica, que mostrou como os feras se sentem durante o período de preparação para o vestibular. A 35 dias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é praticamente impossível os estudantes não passarem por essas sensações típicas de quem tenta uma vaga em cursos superiores das universidades brasileiras.
“Estudar para o Enem é uma situação causadora de estresse que pode ser positiva para alguns estudantes, porque os leva a estudar e alcançar um bom desempenho. A questão é não exagerar na dose do estresse, a fim de que os efeitos benéficos não sejam revertidos em ansiedade exacerbada, que mais atrapalha do que ajuda”, explica o psiquiatra Amaury Cantilino, professor do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O depoimento do médico serve como alerta: é preciso conviver com o estresse com moderação para não fazer dele um instrumento que atrapalhe os estudos e leve ao branco na hora de responder até as mais simples questões. “É importante ainda manter a calma durante a redação, que tem peso alto para vários cursos. Até a caligrafia fica alterada quando os alunos estão tensos, e uma letra pouco legível pode dificultar na hora de o examinador compreender o que o candidato escreveu”, diz a psicóloga e psicopedagoga Mariana Malheiros, do Colégio Santa Maria.
Para mostrar aos alunos do 3º ano do ensino médio como é possível encarar os dias estressantes que antecedem o Enem sem entrar em colapso, ela realiza um trabalho que orienta sobre atitudes que ajudam a controlar o nervosismo. “É preciso que os estudantes tenham uma rotina que favoreça a calma. Muitos perceberam que fazer atividades físicas, seguir uma alimentação balanceada e dormir bem evitam a ansiedade e, dessa maneira, as ideias passam a fluir melhor”, salienta Mariana. Por outro lado, aqueles que não conseguem tirar o foco das tensões que aparecem enquanto estudam para o Enem, correm o risco de não conseguir o resultado que desejam.
O segredo está mesmo na capacidade que cada fera tem de dosar o estresse, que pode se tornar um fator importante para o sucesso ou não no Enem. A estudante Giovana Brito ficava tensa e chorava sempre que não compreendia algum assunto em sala de aula. "Era muita ansiedade que eu tinha. Comecei a controlar o estresse e estou bem mais tranquila”, diz a jovem.
Em busca do equilíbrio
Enquanto alguns estudantes ficam ansiosos de forma exacerbada ao enxergar as provas como algo decisivo na vida, outros conseguem fazer desse estresse um caminho para evoluir nos estudos e ter um bom desempenho nas provas. "São alunos que sabem contrabalançar as situações que os perturbam com técnicas que ajudam a suavizar as tensões", frisa Amaury.
Ele lista dicas para quem deseja afastar sintomas de ansiedade que prejudicam o raciocínio e a produtividade na hora dos estudos. “Vale a pena praticar exercícios aeróbicos três vezes por semana e se envolver com atividades que despertem prazer, como ir ao cinema.” E os estudantes que não conseguem relaxar mesmo em momentos oportunos para aliviar as tensões precisa rever a forma com que enxerga o Enem e procurar ajuda. Às vezes, uma simples conversa com os amigos e pessoas da família diminui as preocupações e angústias.
Ter boa autoestima também ajuda a mandar a ansiedade para bem longe. Ao organizar bem o tempo, seguir uma rotina de estudo que não acumula conteúdos e não abrir mão do lazer, os estudantes geralmente ganham autoconfiança e apostam na capacidade de realizar boas provas. Dessa forma, a insegurança, a aflição e o medo evaporam para dar espaço à tranquilidade, um ingrediente que vale ouro na hora de resolver qualquer questão.