Quase 2 milhões de crianças e adolescentes correm o risco de não voltar às aulas em 2020, segundo o Unicef

Fundo das Nações Unidas para a Infância incentiva municípios e estados brasileiros a se engajarem na Busca Ativa Escolar
Carolina Fonsêca
Publicado em 24/01/2020 às 17:29
Fundo das Nações Unidas para a Infância incentiva municípios e estados brasileiros a se engajarem na Busca Ativa Escolar Foto: Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem


Atualizada às 19h32

Quase 2 milhões de crianças e adolescentes brasileiras correm o risco de não voltar às aulas em 2020, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad contínua) de 2017, Pernambuco tem 6,1% das crianças e adolescentes fora da escola - é o quinto maior percentual entre os estados do Brasil.

Leia mais: Secretaria de Educação abre inscrições para 61 mil vagas remanescentes da rede pública de ensino 

Com o objetivo de diminuir estes números, o Unicef incentiva que os municípios realizem a Busca Ativa Escolar, uma iniciativa para que equipes da administração pública e da sociedade civil para irem de casa em casa encontrar e levar para a escola todos os estudantes que estão fora dela. Mais de 3 mil municípios brasileiros estão engajados nesta iniciativa. O mapeamento das cidades pernambucanas que aderiram à Busca Ativa ainda está sendo finalizado, mas o Recife está entre elas. 

A reportagem do JC procurou a Secretaria de Educação do Estado para saber o número exato de estudantes em Pernambuco fora das salas de aula, mas este dado não estava disponível no momento. No entanto, o órgão afirmou, em nota enviada à redação, que "a Rede Estadual de Pernambuco registra a menor taxa de abandono escolar do país (1,2%) no Ensino Médio. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Rede Estadual também ocupa a primeira colocação no indicador, com taxa de abandono escolar de 1%, posição que agora ocupa de maneira isolada", diz um trecho da nota.

Mais adiante, a Secretaria de Educação de Pernambuco enfatiza que "a oferta de vagas disponibilizadas na Rede Estadual é suficiente para atender a demanda de jovens que buscam estudar em nossas escolas. Infelizmente, porém, é no Ensino Fundamental - que em Pernambuco é atendido em sua maior parte pelas redes municipais - onde ocorre maior incidência de abandono escolar."

Dificuldade é maior para pobres, negros, índios e quilombolas

Além dos que correm o risco de não voltar às salas de aula, há também os que nunca chegaram a elas. Este grupo é composto, em sua maioria, por pobres, negros, indígenas e quilombolas. Muitos deixam a escola para trabalhar e contribuir com a renda familiar; outros tem algum tipo de deficiência.

A exclusão escolar afeta, principalmente, crianças e adolescentes das camadas mais vulneráveis da população, já sem outros direitos respeitados. Grande parte vive nas periferias dos grandes centros urbanos, no Semiárido, na Amazônia e nas zonas rurais. Muitos já passaram pela escola, mas não tiveram as oportunidades necessárias para aprender, foram sendo reprovados até que deixaram a sala de aula. Ou foram vítimas de bullying, preconceito, violência, e não conseguiram continuar.

Busca Ativa Escolar

A Busca Ativa Escolar é uma metodologia social e uma plataforma gratuitas para ajudar os municípios e os Estados a enfrentar a exclusão escolar, desenvolvida pelo UNICEF em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Por meio desta metodologia, o município reúne representantes de diferentes áreas dentro de uma mesma plataforma gratuita. Cada pessoa ou grupo tem um papel específico, que vai desde a identificação de uma criança ou adolescente fora da escola até o encaminhamento dela para o serviços públicos da rede de proteção e a tomada das providências necessárias para a matrícula ou rematrícula e permanência na escola. 

O Estado também participa da estratégia, em regime de colaboração com os municípios, podendo (re)matricular adolescentes nas escolas da rede estadual.

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