Noiva do promotor de Itaíba presta depoimento à Justiça por videoconferência

Mysheva Martins e o tio dela, Adauto Martins, estavam no carro no momento do atentado que vitimou o promotor de Justiça Thiago Faria Soares, em outubro de 2013
Do JC Online
Publicado em 24/03/2015 às 9:54
Mysheva Martins e o tio dela, Adauto Martins, estavam no carro no momento do atentado que vitimou o promotor de Justiça Thiago Faria Soares, em outubro de 2013 Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


Atualizada às 12h37

"Um sonho de princesa que foi desfeito". Foi assim que Mysheva Martins, 36 anos, noiva do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, morto em um atentado em outubro de 2013, definiu as consequências de um dos crimes que mais repercutiram em Pernambuco. A noiva de Thiago e o tio dela, Adauto Martins, prestam depoimento à Justiça Federal durante esta terça-feira (24), através de videoconferência realizada em Garanhuns, onde residem. A audiência da ação penal começou na manhã desta terça e segue até sexta-feira (27), no 4º andar do edifício-sede da Justiça Federal, no Jiquiá, Zona Oeste do Recife. Além das vítimas, outras 16 testemunhas de acusação falarão à Justiça, assim como os quatro réus.

A Justiça aguardou a chegada dos quatro acusados pelo crime para dar início à audiência de instrução. Os réus interrogados são José Maria Pedro Rosendo Barbosa, José Maria Domingos Cavalcante, Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor da Silva. Os acusados estão presos no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife (RMR). O quinto acusado, Antônio Cavalcante Filho, não foi localizado e o processo foi desmembrado para andamento em separado.

O depoimento de Mysheva começou às 10h55, transmitido ao vivo de Garanhuns. Antes do início, a vítima pediu para que o réu José Maria Pedro Rosendo Barbosa, apontado pelas investigações como mandante do crime, não acompanhasse o depoimento. Mysheva temia pela presença do acusado, com medo de possíveis retaliações. Em vários momentos a noiva de Thiago Faria se emocionou e chorou, comparando a morte do promotor a "um sonho de princesa que foi desfeito". "Ele era muito bom para mim porque era uma pessoa que acrescentava muito em minha vida, e agora minha vida está arruinada, financeira e pessoalmente", explicou.

Mesmo quase um ano e meio após o crime, Mysheva ainda vive sob escolta policial. Se referindo ao único dos quatro réus que não estava presente no seu depoimento, a vítima afirmou que qualquer coisa que acontecesse a ela ou a família dela seria de responsabilidade de José Maria Rosendo.

ENTENDA O CASO

O promotor Thiago Faria Soares foi morto no dia 14 de outubro de 2013, enquanto dirigia pela PE-300 em Itaíba, no Agreste pernambucano. No momento do crime, Thiago estava acompanhado da noiva, Mysheva Martins, e do tio dela. O grupo foi perseguido por um carro, de onde um homem atirou com uma espingarda calíbre 12, acertando o promotor. Após parar o carro, os assassinos ainda dispararam mais três tiros contra a vítima, que morreu no local.

A investigação estava em responsabilidade da Polícia Civil até outubro, quando passou para as mãos da Polícia Federal a pedido do Ministério Público Estadual. A principal linha de investigação aponta para uma disputa pelas terras da Fazenda Nova envolvendo o fazendeiro Zé Maria, que teve de deixar o local após uma decisão judicial. A terra foi vendida para Mysheva, com a ajuda do promotor. Irritado com o processo, Zé Maria teria planejado a morte do promotor.

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