Longa espera em meio a lama e lixo

Comunidade Lemos Torres recebe nova promessa. Segundo a Caixa Econômica, construção de residencial, na Zona Norte do recife, começa em agosto
Valéria Oliveira
Publicado em 31/07/2015 às 8:15
Comunidade Lemos Torres recebe nova promessa. Segundo a Caixa Econômica, construção de residencial, na Zona Norte do recife, começa em agosto Foto: Foto: Ashlley Melo/JC Imagem


“Eu tenho esperança de que um dia vão resolver nossa situação e de que vamos ter uma moradia digna.” É no que acredita a dona de casa Maria Célia Iado, 57 anos, que há mais de três décadas vive na Comunidade Lemos Torres, às margens do Canal de Parnamirim, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. O anseio de Maria Célia representa o de centenas de pessoas que residem na localidade e esperam um conjunto habitacional prometido pela prefeitura. Com as obras do residencial paradas, o sonho parece longe de tornar-se realidade.

No terreno destinado ao conjunto de apartamentos, uma placa informa que a obra seria iniciada em junho do ano passado e concluída em setembro próximo. No local, a única indicação de construção é o canteiro cercado por tapumes de ferro e estacas de madeira fincadas na terra. Nenhuma estrutura física foi levantada. A movimentação no canteiro é mínima. Na quarta-feira pela manhã havia apenas cinco trabalhadores. 

Após as chuvas dos últimos dias, a área acumula vários pontos de alagamentos. Quem mora no local reclama do risco de proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Além disso, o canteiro de obras tem servido como depósito de lixo. Entulhos, restos de alimentos e até máquinas de lavar e fogão podem ser encontrados. “Já nos deram vários prazos para o início das obras, mas nada é feito. Casas já foram demolidas, e o serviço está engatinhando. Nós ficamos apenas com as promessas”, desabafa o líder comunitário Marcelo Fernandes da Silva.

Os moradores esperam o habitacional desde 2008, quando a obra foi eleita como prioridade do Orçamento Participativo, no último ano da segunda gestão do prefeito João Paulo (PT). O conjunto faz parte do Programa Minha Casa, Minha Vida e terá 192 apartamentos divididos em seis blocos, cada um com 32 unidades. Cada residência terá dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço.

Das 400 famílias cadastradas, 208 ganharão apartamentos no habitacional do Casarão do Barbalho, na Iputinga, Zona Oeste, ou serão incluídas em outros programas. “A gente fica nessa incerteza, né? Não sabe se sai da casa ou se fica. Só fazemos esperar”, afirma a dona de casa Marisa Rodrigues, 63.

Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que as obras começam em agosto. Segundo a instituição, o serviço não foi iniciado antes devido ao atraso na regularização da área e por causa de construções irregulares que tiveram de ser demolidas. A previsão é de que a obra termine em 18 meses. A Empresa de Urbanização do Recife (URB) afirmou que vai apenas fiscalizar a obra e que já existe frente de trabalho para construção de três blocos do conjunto.

A remoção da comunidade Lemos Torres permitirá também a requalificação do Canal de Parnamirim e a construção de vias marginais que deverão facilitar o trânsito em Casa Forte, Parnamirim, Santana e Casa Amarela. A URB avisa que a requalificação do canal e as obras das vias marginais só começam após a conclusão do habitacional.

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