Moradores e visitantes do Sítio Histórico de Olinda precisam ter paciência, e muita, quando o município divulga projetos de restauração de equipamentos culturais. Basta dizer que a obra de recuperação do Mercado Eufrásio Barbosa, anunciada em março de 2013, começou apenas no fim de junho de 2015. O prédio, no Largo do Varadouro, será transformado no centro cultural de arte popular.
Uma placa colocada na frente do mercado informa que o serviço custará R$ 12.050.107,55 e o prazo de execução é de 12 meses. Mas não diz quando o trabalho começou nem quando vai terminar. O imóvel pertence à prefeitura e a obra é realizada pelo governo do Estado de Pernambuco, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
A secretária-executiva do Prodetur, Izabel Urquiza, disse que a obra será concluída em julho de 2016. O Eufrásio Barbosa funcionará com sala para exposições temporárias e permanentes, lojas para venda de artesanato, salas multiuso que abrigarão biblioteca virtual e oficinas, teatro e restaurante.
De acordo com Izabel Urquiza, o projeto prevê um equipamento sustentável. “O plano de gestão é de responsabilidade da prefeitura, mas o mercado precisa se manter, depois de recuperado”, destaca. A proposta também inclui a ligação entre o centro cultural e o largo do Mosteiro de São Bento.
Com isso, o visitante acessa o Eufrásio Barbosa pelo Largo do Varadouro ou pelo Largo do Mosteiro. “Vamos integrar o mercado ao Sítio Histórico, respeitando o patrimônio tombado e estimulando a permanência do turista na cidade”, diz ela.
“Sempre acreditei que um dia a obra sairia do papel, não é em vão que estou aqui todos os dias”, declara a artesã Inajá Cavalcanti de Almeida, locatária do Eufrásio Barbosa desde a inauguração do mercado, em abril de 1990. Com a interdição parcial do prédio, em 2006, ela e outros sete colegas transferiram as lojinhas para a lateral da edificação.
Numa data ainda não definida, os oito locatários deverão ocupar boxes temporários no Mercado da Ribeira. “Teremos de sair para permitir o andamento da obra, estão fazendo lojinhas de gesso na Ribeira”, diz Inajá. Pichadores já deixaram suas marcas nos tapumes em volta do prédio.
MEMÓRIA
A prefeitura também divulgou, em março de 2013, o projeto de restauração do Casarão Hermann Lundgren, no Carmo. Dois anos e cinco meses depois, está à espera da aprovação do PAC Cidades Históricas para licitar a obra, diz a secretária-executiva de Patrimônio de Olinda, Cláudia Rodrigues.
A proposta do município é fazer do casarão o Centro de Memória de Olinda, para contar a história da evolução da cidade, de 1535 (data de fundação) até os dias atuais, no mesmo formato interativo do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Mais antiga ainda, a ideia de restaurar e reocupar as quatro casas de veraneio conhecidas como Chalés do Carmo, na Avenida Sigismundo Gonçalves, não foi implementada. Uma empresa se interessou pela proposta e chegou a começar a desenvolver o projeto, mas desistiu depois, informa o secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Tecnologia de Olinda, Maurício Galvão.
“Teremos de lançar novo edital e começar do zero, infelizmente”, lamenta o secretário. Apresentada em 2011, a proposta seria reabrir as casas com bar, restaurante, receptivo turístico e lojas para artesanato, numa parceria com a iniciativa privada. Os chalés estão fechados, sem uso, sujos e pichados.
A obra de restauração do Cine Olinda, perto das casas de veraneio, vem testando a paciência da população. O prédio está fechado há 45 anos e passa por reformas há quase uma década. A intervenção física está pronta. Faltam ajustes no palco e concluir a climatização, a cargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Olinda realiza quarta-feira (12) e quinta-feira (13), na sede da prefeitura, seminário para discutir gestão de equipamentos públicos culturais.