Um dia após a operação da Polícia Federal, o movimento Ocupe Estelita prepara um protesto para hoje à tarde, pedindo à Prefeitura do Recife que adie a reunião do Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) da cidade que analisaria amanhã o projeto arquitetônico redesenhado do Novo Recife. A alegação da PF de que constatou fraude no leilão do terreno no Cais José Estelita deve reforçar o discurso do grupo contrário ao projeto.
“A gente acha que o projeto não pode ser aprovado. Desde maio, estamos questionando a legalidade do plano urbanístico (lei que regulamenta a ocupação da área do Cais José Estelita, Cais de Santa Rita e Cabanga, no Centro do Recife). Agora com essa informação a reivindicação da gente ganha força”, afirmou Leonardo Cisneiros, um dos líderes do movimento.
“A prefeitura não pode validar algo que, possivelmente, foi produto de um crime, algo que está sendo questionado e investigado pela Polícia Federal. Se a prefeitura quiser ser responsável, não deveria realizar a reunião da sexta”, argumentou.
Além de adiar a apreciação do projeto, o Ocupe Estelita também quer que o município suspenda a tramitação de todos os processos de licenciamento do empreendimento. A concentração do protesto foi marcada para as 16h, na Praça do Derby, e os manifestantes devem seguir pela área central do Recife.
Cisneiros lembra que o movimento já vinha denunciando irregularidades na venda do terreno. Atendendo a apelos do grupo, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a entrar com uma ação na Justiça Federal pedindo a anulação do leilão.
CORRUPÇÃO - Ele diz ainda que não ficou surpreso ao descobrir que a Polícia Federal também investigará possível tráfico de influência e crime de corrupção no processo de venda da área. Segundo Cisneiros, o Ocupe Estelita defende que as suspeitas sejam investigadas “doa a quem doer” e espera que os envolvidos respondam pelas eventuais irregularidades cometidas.
“A gente sabe que houve muita influência do interesse privado. Não é de se espantar. Em todo esse projeto, as instituições estavam sendo pressionadas a favorecer o interesse privado. É muito provável que tenha ocorrido tráfico de influência”, disse.