Estado libera construção de muralha de concreto ao redor da Penitenciária Barreto Campelo

Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (21), o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, reconheceu as falhas na estrutura e na segurança da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, Litoral Norte do Estado, que resultaram na fuga em massa de cerca de 20 presos na noite de ontem (20). Segundo o secretário, a substituição do muro externo da unidade prisional foi autorizada pelo Governo do Estado. O muro atual, originalmente de tijolos e erguido na década de 70, vai passar a apresentar uma estrutura de 2 m de altura e 15 cm de espessura de concreto armado. O orçamento previsto de R$ 2 milhões foi liberado pelo Tesouro Estadual e as obras devem durar cerca de 150 dias.

Inaugurada em 1973, a Penitenciária Barreto Campelo tem, originalmente, capacidade para 430 presos. Ontem, a unidade comportava cerca de 2.026 pessoas quando ocorreu a fuga. Segundo Pedro Eurico, ainda não está confirmado como os presidiários conseguiram fugir. “Ainda não temos como verdade absoluta que houve uma explosão no muro. Estamos investigando junto ao Instituto de Criminalística, pode ter sido uma explosão ou podem ter demolido um pedaço da estrutura”, comenta. Ainda ontem, seis suspeitos foram capturados. Todas as saídas da Ilha de Itamaracá foram fechadas por uma barreira policial e tropas de choque estão fazendo rondas no local. De acordo com o secretário, toda a área está cercada.

Essa é a terceira fuga em massa do Barreto Campelo em seis meses. Pedro Eurico informa que medidas estão sendo tomadas desde o ano passado para controlar a situação. Uma limpeza foi realizada na área de mata ao redor do presídio, além de um reforço na iluminação externa. É esperado que, com a construção do muro de concreto, a segurança seja reforçada de maneira efetiva. Questionado sobre a possibilidade de ter havido facilitação interna na última fuga, o secretário não tem dúvidas. “Isso realmente tem de ser investigado. É uma situação reincidente, são muitas coincidências em pouco tempo. Eu não descarto a possibilidade de participação de agentes públicos em um processo de facilitação. Já determinamos a abertura de uma sindicância e vamos chegar a um resultado muito mais rapidamente do que as pessoas estão pensando”, frisa.

Superlotação

Para Pedro Eurico, o Barreto Campelo apresenta as condições necessárias de receber mais pessoas do que o determinado pela sua capacidade original, mas não cinco vezes mais presos, como é o cenário atual. “É preciso deixar claro que Pernambuco tem, hoje, a quarta maior população carcerária do país. São 31.200 presos, e nós não vamos deixar de prender. Lugar de bandido é na cadeia”, pontua. Quanto à superlotação do sistema carcerário, o secretário acredita que a conclusão dos presídios de Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife, Itaquitinga, na Mata Norte, e Tacaimbó, no Agreste, deve ajudar a desafogar o sistema.