Pânico em Cupira: assalto, explosão e saques

Grupo roubou agência bancária na cidade. População saqueou local do crime
Do JC Online
Publicado em 09/04/2016 às 7:23
Grupo roubou agência bancária na cidade. População saqueou local do crime Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Poderia ser um filme de velho oeste, mas aconteceu ontem no interior de Pernambuco. Uma ação ousada de bandidos, forças de segurança afrontadas e acuadas, e uma população que foi, ao mesmo tempo, vítima e algoz, pois enfrentou o pânico do assalto e depois saqueou o próprio local do crime. Dois dias depois do cinematográfico roubo ao Banco do Brasil de Macaparana, na Zona da Mata Norte, criminosos voltaram a explodir uma agência da instituição, desta vez na cidade de Cupira, no Agreste, na madrugada da sexta-feira. A tática foi a mesma empregada na investida anterior, 48 horas antes: cerca de 20 homens em quatro veículos possantes, armamento pesado, tiros para o alto no intuito de intimidar a polícia, grampos nas estradas para dificultar o socorro e, por fim, explosivos potentes para abrir os cofres.

A exemplo do que ocorreu em Macaparana, o terror começou na madrugada. Por volta de 3h30, o grupo chegou a Cupira em quatro carros. Na entrada da cidade, parou uma van que levaria pacientes com insuficiência renal para realizar hemodiálise no Recife. Foram todos levados para as proximidades do banco e feitos reféns. Ao mesmo tempo, outra parte do bando se dirigia à delegacia da cidade. Na frente da casa, atiraram diversas vezes para o alto, para intimidar os dois policiais que estavam no local.

Na Praça Melo Bastos, no Centro, outros integrantes da quadrilha arrombaram a porta dianteira da agência do Banco do Brasil e colocaram os explosivos no cofre, que fica na parte dos fundos. A detonação foi tão forte que blocos de concreto do tamanho de motocicletas voaram pela Rua 31 de Março, onde ficam os fundos da unidade, danificando três casas. Nem a polícia nem o Banco do Brasil informou a quantia que foi levada no assalto.

Segundo moradores, a ação durou menos de meia hora. “Eu ouvi uma gritaria muito grande e, depois, a explosão. Peguei meus filhos e me tranquei no quarto”, comenta a doméstica Sandra Cristina, que também teve a casa danificada. 

Um fator foi decisivo para a escolha da quadrilha: a vulnerabilidade das forças de segurança locais. A delegacia de Cupira funcionava como plantão para atender cidades vizinhas, como Lagoa dos Gatos, Agrestina, Panelas e Altinho. “Havia sempre uma grande movimentação de viaturas dessas cidades. Mas há dois meses, o plantão foi desativado”, lamenta a delegada da cidade, Margareth Galdino.

Uma pista sobre os assaltantes foi repassada por algumas testemunhas. “Muitos tinham sotaque de fora do Estado. Não se sabe se fizeram de propósito para serem confundidos ou se são, de fato, de outras regiões”, completa a delegada.

A explosão comprometeu a estrutura do edifício, que deverá ficar desativado por, no mínimo seis meses. Durante esse período, os moradores de Cupira terão de se dirigir a agências de outras cidades, como Agrestina e Altinho. Os dez funcionários do Banco do Brasil no município serão remanejados para as mesmas localidades.

O titular da Delegacia de Roubos e Frutos, Paulo Berenguer, prefere não afirmar se o grupo é o mesmo que atuou em Macaparana e São Vicente Férrer, dois dias antes. “É cedo para dizer isso, estamos na fase de perícias e recolhendo informações”, diz Berenguer.


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