Dois alunos de arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão em busca do Forte Real de Nossa Senhora de Nazaré, construção do século 17 até então assinalada apenas em mapas antigos, no Cabo de Santo Agostinho, município do Grande Recife.
O forte era de terra, foi erguido por portugueses em 1632 e atacado pelas tropas holandesas pouco depois, em 1635, afirmam Lucas Alves da Rocha e Izabela Pereira de Lima. Tudo leva a crer, dizem os estudantes, que a fortaleza estaria localizada em volta da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.
Lucas e Izabela apontam estruturas de terra na lateral da igreja e por trás do cemitério, na Vila de Nazaré, como prováveis vestígios da construção desaparecida. “Seriam restos da muralha e dos baluartes”, arrisca dizer o rapaz. “Falta escavar para comprovar.”
De acordo com eles, três trechos da possível muralha estão visíveis. Num deles, perto do cemitério, há um acúmulo de lixo em cima, observam. Um outro, por trás das ruínas do antigo convento, encontra-se bastante aterrado, destacam.
Os estudantes acrescentam que consultaram geólogos e geógrafos em busca de resposta para as estruturas existentes no terreno. “Nenhuma surgiu por erosão. Pelo tipo de inclinação, houve intervenção humana”, afirma Lucas Alves.
“Provavelmente é o forte, mas qualquer afirmação agora é precipitada. A confirmação depende de pesquisa arqueológica na área”, declara o professor Marcos Albuquerque, coordenador do Laboratório de Arqueologia da UFPE.
Marcos Albuquerque visitou o lugar este mês, acompanhando os estudantes. O arqueólogo disse que pretende levar o assunto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e solicitar apoio para um possível projeto de escavação.
“A área foi muito mexida, muito pisoteada”, comenta o professor, que fez a vistoria em conjunto com a arqueóloga Veleda Lucena. “Há questionamentos, porque a fortificação que aparece nos mapas, na Vila de Nazaré, era associada ao Forte Castelo do Mar ou ao Forte do Pontal de Suape, hoje em ruínas”, diz Lucas.
Uma cacimba na parte baixa do terreno, no entendimento dos estudantes, poderia ter servido para abastecer o Forte Real de Nossa Senhora de Nazaré, reduto de resistência luso-brasileira contra a ocupação holandesa no Nordeste brasileiro (1630-1637).
O assunto foi divulgado pela dupla num simpósio de arqueologia realizado ano passado, na UFPE. É também o tema da monografia de Lucas Alves no trabalho de conclusão de curso (TCC), que será apresentado em julho de 2016, para a graduação em arqueologia.