Demorou, mas os catadores de resíduos sólidos do bairro de Campo Grande, na Zona Norte da capital, finalmente receberam um espaço adequado para desempenhar de maneira mais digna seu trabalho. A Prefeitura do Recife inaugurou, na tarde desta terça-feira (05), com anos de atraso, o galpão de triagem de resíduos recicláveis Cooperativa Ecovida Palha de Arroz.
Foram dois anos e três meses de espera, segundo a presidente da cooperativa Maria José dos Santos. A expectativa da catadora de 46 anos que desde os 9 trabalha nas ruas é de melhoria de vida. “Estamos em um espaço fechado, antes a gente trabalhava a céu aberto, com sol e chuva.” Para ela, trabalhar em cooperativa também pode garantir um aumento na renda. “A gente se ajudando, vai ter mais lucro. Nossa meta é receber um salário mínimo.”
Com 950 metros quadrados, o galpão conta com contêineres, prensas, esteira, balança eletrônica e empilhadeira hidráulica. Um equipamento que, para a catadora Lindinalva Alves dos Santos, 66, faz grande diferença. “Antes tudo era manual, era muito difícil. Agora, com a prensa, fica muito melhor. Foi uma luta de dois anos, mas finalmente temos esse espaço”, comemorou.
Para a secretária de Desenvolvimento e Empreendedorismo do Recife, Berenice Andrade, o atraso tem justificativa. “Tem a questão da planta, regularização da obra, definição e licitação dos materiais e entrega dos equipamentos, que são de grande porte”, destacou a engenheira química, à frente da secretaria há 46 dias.
No total, 150 catadores devem ser beneficiados, a maioria é mulher. Isso porque, desde 2014, um curso de formação técnica em resíduos sólidos é oferecido pela Secretaria da Mulher do Recife para as catadoras. A ação faz parte do programa Mulher, Trabalho e Renda e tem como objetivo o fortalecimento econômico das mulheres, através do ensino de práticas de empreendedorismo.
Para a gerente de fortalecimento sociopolítico e empreendedorismo da Secretaria da Mulher, Rossana Mota, existe uma desigualdade que precisa ser combatida. “É uma questão histórica, os catadores dominam espaços que geram mais renda e as mulheres ficam com o que eles deixam. A capacitação tem como objetivo gerar o empoderamento econômico delas.”