No Centro do Recife há oito pontes históricas sobre os Rios Capibaribe e Beberibe fazendo a conexão entre os bairros do Recife, Santo Antônio, São José, Boa Vista e Santo Amaro. Todas precisam de manutenção. Desde a renovação da pintura desbotada à recuperação das calçadas e do guarda-corpo pichado, quebrado, oxidado e esburacado.
Os estragos são mais evidentes nas Pontes de Limoeiro, Buarque de Macedo e Maurício de Nassau. Na primeira, que liga a Avenida Norte ao Cais do Apolo, a maresia destrói aos poucos o guarda-corpo de ferro. Uma das placas de identificação da Ponte do Limoeiro, na cabeceira da Rua da Aurora (Santo Amaro), está apoiada numa calçada de pedra que está se desmontando.
“É uma situação horrível, as pontes do Centro do Recife estão abandonadas há muito tempo. Nem precisa de reportagem para mostrar a falta de manutenção e conservação. É só olhar. A prefeitura vive dizendo que faz obras, mas eu não sei onde estão. Eu não consigo vê-las”, afirma o contador Luiz Fernandes, ao passar pela Ponte Buarque de Macedo, entre a Praça da República e a Avenida Rio Branco (Bairro do Recife).
O guarda-corpo da Buarque de Macedo, uma construção que remonta ao fim do século 19, tem rachaduras em vários trechos, com reboco quebrado e ferragens expostas, além de pichações. As avarias afetam tanto os balaústres quanto o corrimão da mureta de proteção. O asfalto na faixa destinada à circulação de veículos é cheio de remendos. “O que acontece nas pontes se repete no restante da cidade”, acrescenta Luiz Fernandes.
Nem a famosa Ponte Maurício de Nassau, entre a Avenida Martins de Barros (Santo Antônio) e o Cais do Apolo, escapa da falta de cuidados no dia a dia. Não bastasse o guarda-corpo quebrado e com pintura descascada, trechos do piso da calçada estão estufados e com buracos. Numa das sacadas de contemplação, a estátua do poeta Joaquim Cardozo (1897-1978), sem nenhuma placa de identificação, teve a mão direita destruída.
As hastes decorativas das luminárias, em cada sacada, são entrecortadas por gambiarras de fios. Na cabeceira da Avenida Martins de Barros, a placa de identificação, que conta para moradores e visitantes um resumo da história do monumento, está danificada. A Maurício de Nassau assumiu o lugar da primeira ponte da América Latina, inaugurada em 1643 durante o Brasil holandês. Foi reconstruída em 1917.
Com 45 anos de uso, a Antiga Ponte Giratória foi erguida em 1971 para substituir a ponte que realmente girava, de 1923. Liga o Bairro do Recife ao de São José e está toda pichada, com rachaduras no guarda-corpo, placa de identificação sem texto e uma haste de luminária envergada. “Passo aqui direto e não vejo a prefeitura consertando nada”, comenta o mecânico José Alberto Dias.
“Vi muita calçada quebrada e as muretas quase caindo”, diz o estudante Herlon Gabriel do Nascimento Silva, 12 anos, que circulou em seis das oito pontes, na manhã de segunda-feira (18), para fazer uma tarefa escolar, acompanhado do avô Edvaldo Antônio Nascimento. “Botarei tudo isso no meu trabalho”, diz o garoto, aluno da Escola Marechal Rondon, em Tejipió.
A diretora de Manutenção Urbana do Recife, Fernandha Batista, informa que reparos no guarda-corpo e na iluminação das pontes são serviços de rotina. “A atividade de pesca e a maresia danificam a mureta com frequência”, afirma. Segundo ela, as pontes do Centro foram pintadas em 2015. “Se houver alguma necessidade, podemos repetir a pintura este ano (2016)”, diz.
Ela acrescenta que a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana faz o levantamento dos danos duas vezes por ano das pontes do Centro do Recife. “Vamos concluir esse trabalho em agosto próximo.” Engenheiros calculistas estão analisando a estrutura das pontes, no momento, declara.