As obras do Jardim do Baobá, nas Graças, Zona Norte da capital, que integram o projeto Parque Capibaribe, começaram há apenas quatro meses, mas já são alvo de uma polêmica, envolvendo empresários da redondeza. Na sexta-feira (06), um documento reunindo assinaturas de moradores e trabalhadores da área foi entregue à Prefeitura do Recife, pedindo a paralisação das obras. Em resposta, um abaixo-assinado virtual foi criado nessa terça-feira (09) por ativistas, em defesa do projeto, que promete melhorias na mobilidade da cidade.
Os motivos do embate são as áreas de circulação e estacionamento de veículos nas imediações do parque, localizado no trecho entre as Ruas Madre Loyola e Antônio Celso Uchoa Cavalcanti. Antes das obras, o espaço, às margens do Rio Capibaribe, era utilizado como estacionamento pelos estabelecimentos da região, que é, predominantemente, comercial. A implantação da área verde de 3,8 mil metros quadrados é vista como ameaça para as atividades do local.
Segundo o administrador do Empresarial Ponte D’Uchoa, Bento Romeira, o documento entregue à prefeitura conta com mais de 700 assinaturas. O projeto, para ele, prejudica o centro empresarial. “Estamos nos sentindo desrespeitados, porque não fomos consultados nem comunicados sobre o projeto. Soubemos quando as obras começaram.” Romeira argumentou ainda que, antes de o empresarial adotar a praça homônima, que fica em frente ao prédio, o local era ponto de assalto. “Se não conseguiram cuidar de uma praça pequena, como vão oferecer segurança nesta?”, questionou.
Em menos de 24 horas, mais de mil pessoas aderiram ao movimento em prol do Jardim do Baobá. O abaixo-assinado foi criado pelo gestor ambiental Jason Torres, a partir da decisão de um grupo de ativistas. “As ruas da cidade estão tomadas por carros. A demanda por estradas é cruel para estas ações de melhoria na mobilidade, que estimulam o uso da bicicleta”, defendeu Jason Torres.
A secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Inamara Mélo, afirmou que os empresários foram chamados para reunião no ano passado. Segundo ela, enquanto poder público, a prefeitura está aberta para dialogar, mas o projeto continua. “Ampliamos o número de vagas de estacionamento de sete para 16, a partir das reclamações. Porém, entendemos que o conceito de cidade que prioriza as pessoas, em vez dos veículos, é o caminho certo a seguir”, destacou.