O clima nas polícias civil e militar é de comemoração, com a exoneração do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho. Representantes das categorias são unânimes em apontar a falta de diálogo do gestor como fator contribuinte para o desestímulo dos policiais e para o aumento da violência no Estado. E se dizem na expectativa de que o novo secretário tenha mais abertura com os servidores. Sindicalistas também pedem mudanças na corregedoria da SDS.
“O secretário não vinha correspondendo à realidade do Estado. A violência só aumentando e ele inerte, não se mexia. Tinha que mudar, da forma que estava já haviam se esgotado todos os meios legais para se reduzir os índices absurdos de violência. A tropa insatisfeita, trabalhando em precárias condições, desmotivada. Se uma empresa tem funcionários desmotivados o rendimento cai. Hoje, há policiais que fazem que trabalham”, declara o presidente da Associação de Praças de Pernambuco (Aspra), José Roberto Viana.
O sindicalista defende que a prioridade do novo gestor deve ser o diálogo. “Esperamos que o novo secretário ouça a tropa, que não fique no seu birô, mas trabalhe junto com a polícia. Alessandro Carvalho não dialogava, sempre impôs tudo. Só acochar a tropa não é bom para ninguém. E o corregedor também tem que sair, ele é rejeitado por todos”.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros, diz que ainda nesta sexta vai encaminhar ofício ao novo secretário pedindo um encontro para discutir melhorias nas condições de trabalho da categoria. “Espero que ele nos receba. Alessandro Carvalho nunca recebeu ninguém. Estamos comemorando sua queda porque ele não dialogava e não geria a segurança pública como devia. Que o novo gestor acerte, ninguém aguenta mais tanta violência”, afirma. Para ele, a prioridade deve ser investir no efetivo e valorizá-lo. “Temos 5,3 mil policiais, menos de 40% do necessário e há mais de cinco mil cargos vagos, por isso as delegacias fecham à noite e nos finais de semana. E ainda recebemos o pior salário do País”.
Também salientando o clima de comemoração pela exoneração do secretário da SDS, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Francisco Rodrigues, não lhe poupa críticas. “Alessandro tinha cometido uma série de atos desastrosos que trouxeram prejuízos para o Estado, como a contratação irregular de empresa local para a realização de concurso público de delegado, que culminou com seu cancelamento e atraso na nomeação de novos servidores. Além disso, não havia qualquer diálogo com a categoria, às vezes ele até atrapalhava. Esperamos que o novo gestor resgate o brio dos policias, que está no chão”.
Para Rodrigues, só mudar o delegado não adianta. “É preciso mudar o modelo. A SDS é a secretaria com maior número de cargos comissionados do Estado. Ou se resolve isso ou não vão fazer a segurança andar”. A associação também pediu, em nota, o afastamento do corregedor da SDS.
Os três sindicalistas relatam que as polícias estão sucateadas e defendem não só melhorias estruturais mas também salariais. O salário base de um delegado é R$ 9 mil bruto. O de um policial civil, R$ 3,2 mil, com gratificação, e de um soldado, R$ 3,2 mil com gratificação e ajuda de custo.